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Violência no Sudão se espalha e deixa ao menos 74 mortos em Darfur

Combates se espalham pelo país apesar do cessar-fogo

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Por Redação
Atualização:

CARTUM-Ao menos 74 pessoas morreram em dois dias de combates violentos esta semana na capital da região de Darfur do Oeste, leste do Sudão, informou o sindicato de médicos do país nesta sexta-feira, 28.

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“Ao menos 74 pessoas morreram em 24 e 25 de abril em combates em El Geneina. Ainda não conseguimos estabelecer um balanço para os dias 26 e 27 de abril porque todos os hospitais da cidade estão fora de serviço”, afirmou o sindicato.

Os combates prosseguiam nesta sexta-feira em várias zonas do Sudão, apesar de as duas partes em conflito, o exército liderado pelo general Abdel Fatah al Burhan e os paramilitares, terem concordado em prorrogar uma trégua que pretende frear os combates iniciados em 15 de abril.

Uma médica do Exército conforta um bebê após o tratamento durante a evacuação de cidadãos britânicos, na Base Aérea de Wadi Seidna, no Sudão Foto: via REUTERS / via REUTERS

“A situação continua muito tensa”, disse à AFP um morador de El Geneina. “Ontem (quinta-feira) foi um dia muito difícil. Não há mais comida porque os mercados foram saqueados”, acrescentou.

Cessar-fogo foi prorrogado por 72 horas

Pouco antes do fim do cessar-fogo, o Exército e as Forças de Apoio Rápido (FAR) anunciaram na quinta-feira, 27, a prorrogação da trégua por 72 horas, em resposta a “uma iniciativa da Arábia Saudita e dos Estados Unidos”.

Em uma declaração conjunta, Estados Unidos, Arábia Saudita, Reino Unido, Emirados Árabes Unidos, a União Africana e a ONU elogiaram a ampliação do cessar-fogo e pediram “sua implementação plena” e “um acesso humanitário desimpedido”.

O primeiro cessar-fogo permitiu a evacuação de milhares de estrangeiros e sudaneses, apesar de não ter interrompido os tiros de artilharia ou os bombardeios aéreos em Cartum.

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Antes deste primeiro acordo, diversas tentativas de frear os hostilidades iniciadas em 15 de abril haviam fracassado.

“Ouvi bombardeios intensos do lado de fora da minha casa”, disse um morador da capital sudanesa nesta quinta-feira.

Sudaneses fogem para países vizinhos

Os combates provocaram uma fuga em massa e agravaram a crise em uma das nações mais pobres do mundo, que tem mais 45 milhões de habitantes.

Dezenas de milhares de pessoas fugiram para os países vizinhos: Chade no oeste, Etiópia no leste, Sudão do Sul e República Centro-Africana no sul, e Egito no norte.

O presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, pediu ajuda para estas pessoas que fogem dos combates e um “cessar-fogo permanente para facilitar o envio de ajuda humanitária” à população.

Nos últimos dias, governos estrangeiros organizaram operações terrestres, aéreas e marítimas para evacuar milhares de seus cidadãos.

Imagens de satélite mostram a destruição da cidade de Cartum, capital do Sudão Foto: Planet Labs / AP

As pessoas que permanecem no país enfrentam escassez de alimentos, falta d’água e de energia elétrica, além de cortes nas linhas de telefonia e de internet.

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O coordenador humanitário interino da ONU no Sudão, Abou Dieng, disse estar “extremamente preocupado com o abastecimento de alimentos”.

De acordo com o sindicato dos médicos, 14 hospitais foram bombardeados e outros 19 foram esvaziados por falta de material e funcionários ou porque os combatentes assumiram o controle de áreas próximas.

Entenda o conflito

Desde outubro de 2021, quando os militares tomaram o poder durante o processo de transição democrática que teve início em 2019 — após o ditador Omar al-Bashid ser derrubado —, o país é governado pelo general Abdel-Fattah Burhan e Mohammed Hamdan Dagalo (Hemedti), chefe do grupo paramilitar Forças de Apoio Rápido (FAR), era tido como seu número dois no comando.

O confronto é protagonizado por Burhan, que controla o Exército sudanês, e Hemedti, que lidera as forças paramilitares FAR. Eles se tornaram inimigos públicos nos últimos meses, mas estiveram lado a lado durante o golpe que depôs o primeiro-ministro civil Abdallah Hamdok em 2021.

A escalada da violência destruiu as esperanças dos sudaneses de que os militares pudessem ceder o poder a um governo liderado por civis após terem interrompido o processo de transição democrática em 2019./AFP

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