Xi Jinping confirma terceiro mandato na China e consolida poder absoluto no Partido Comunista

O anúncio foi feito neste domingo, 23, pelo próprio presidente, no encerramento do 20° Congresso do Partido Comunista Chinês

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Por Redação

PEQUIM - O presidente da China, Xi Jinping, foi nomeado oficialmente no domingo, 23, para seu terceiro mandato de cinco anos à frente da China, e consolidou a ampliação do seu poder dentro do Partido Comunista Chinês (PCC). Xi apresentou uma nova cúpula repleta de partidários, um dia depois de orquestrar a remoção do ex-rival Li Keqiang dos altos escalões do partido.

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No que normalmente é o clímax dos congressos, realizados a cada cinco anos para nomear os líderes do partido, Xi caminhou no domingo por um tapete vermelho seguido pelos funcionários que farão parte de seu Comitê Permanente do Politburo de sete membros. Quatro são novos nomeados.

Dois membros do Comitê Permanente do Politburo, o primeiro-ministro Li Keqiang e Wang Yang, não foram reconduzidos apesar de serem jovens o suficiente para mais um mandato de cinco anos. Li era um protegido do ex-presidente Hu Jintao.

O presidente chinês Xi Jinping encerrou o congresso do artido Comunista da China e consolidou seu poder  Foto: Tingshu Wang/Reuters

Segundo analistas, estas mudanças marcam o auge de uma década de consolidação do poder por parte de Xi Jinping e um novo capítulo de incertezas para o Partido Comunista, à medida que Xi altera as normas que estão em construção há décadas.

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Ao não renunciar após dois mandatos, Xi desafiou as regras tácitas que os líderes anteriores estabeleceram na esperança de institucionalizar transições pacíficas de poder e impedir retornos infinitos ao governo do mesmo dirigente, ao estilo Mao Tsé-tung. Foi Xi, de 69 anos, que em 2018 aboliu os limites do mandato presidencial, já dando sinais de que não respeitaria as normas estabelecidas pelos ex-presidentes.

“Todas as regras foram quebradas”, disse Cai Xia, ex-professor da Escola Central do PCC – ele foi expulso em 2020 por criticar Xi. “Antes ainda havia resistência, mas dessa vez você pode ver que o futuro da China é inteiramente impulsionado pela vontade de Xi.”

Geralmente, o congresso do PCC é um evento coreografado, mas a saída do inesperada do Grande Salão do Povo do ex-líder Hu Jintao causou um certo rebuliço. Hu, de 79 anos, estava sentado ao lado de Xi na primeira fila do palco quando foi ajudado a se levantar por um assessor e escoltado para fora do local, sem explicação. Ao ser levado, Hu falou brevemente com Xi e deu um tapinha no ombro de Li Keqiang, o primeiro-ministro.

A escolha de seis figuras intimamente ligadas ao modo de pensar Xi surpreendeu analistas, que agora consideram que o líder chinês conseguiu uma influência poucas vezes vista no PC chinês. “Ele (Xi) já era dominante e é ainda mais dominante agora”, disse Dali Yang, professor da Universidade de Chicago que pesquisa a política chinesa. “Ele é o dono do partido.”

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O presidente reempossado lotou o Comitê Permanente do Politburo, o órgão máximo do partido, com seus partidários nomeando para as liderança uma série de oficiais de segurança doméstica, comandantes militares, ideólogos, engenheiros e tecnocratas.

O movimento é interpretado como uma forma de ele acelerar a ascensão da China como uma superpotência militar e tecnológica – mantendo-a sob o controle inflexível do Partido Comunista. Eswar Prasad, especialista em China da Universidade Cornell, disse ao jornal Financial Times: “vejo alguns dias sombrios pela frente, já que Xi agora se volta para reunir o país em uma visão de política externa desafiadora”.

Xi também substituiu mais da metade dos membros do Politburo de 24 membros. Muitos dos novos nomeados trabalharam para Xi quando ele era oficial do partido provincial em meio de carreira.

Para Dali Yang, ao mesmo tempo em que ficou mais soberano, a nova composição do governo pode trazer problemas a Xi. “Ele agora é o verdadeiro dono do sistema, mas qualquer erro também será debitado na sua conta”, disse. “Até agora, se houvesse algum entrave, ele poderia culpar os outros.”./ NYT, AP e AFP

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