PEQUIM - O presidente da China, Xi Jinping, prometeu uma reunificação inevitável de Taiwan por meios "pacíficos" em discurso neste sábado, 9. A declaração do líder comunista vem em um momento de acirramento das tensões na região, após o governo autônomo da ilha relatar nos últimos dias um número recorde de incursões de aviões militares de Pequim pelo estreito que separa os dois países.
O chefe de Estado chinês falou durante o início das comemorações do 110º aniversário da Revolução de 1911, que derrubou a última dinastia chinesa. Apesar de sua rivalidade política e histórica, Pequim e Taipé derivam sua legitimidade deste evento, que é celebrado na China continental no sábado, 9, e em Taiwan, no domingo, 10 - país onde Sun Yat-sen, o primeiro e efêmero presidente chinês, é considerado o pai da nação.
"Alcançar a reunificação da pátria por meios pacíficos é do interesse geral da nação chinesa, incluindo dos compatriotas de Taiwan", declarou Xi Jinping em discurso no Palácio do Povo de Pequim, com um retrato de Sun Yat-sen ao fundo.
A ilha de Taiwan, que goza de um sistema democrático, é governada por um poder independente de Pequim desde a vitória dos comunistas sobre o continente em 1949, no entanto a China considera o território como uma de suas províncias, e ameaça usar a força no caso de uma proclamação formal de independência da ilha.
"A reunificação de nosso país pode e será alcançada", garantiu Xi Jinping, alertando contra qualquer interferência estrangeira. "A questão de Taiwan é um assunto puramente interno da China", insistiu.
Na sexta-feira, Washington admitiu que treinava em segredo o Exército taiwanês há meses. Um contingente de cerca de 20 membros das operações especiais e forças convencionais americanas vem conduzindo o treinamento há menos de um ano, segundo informou à France-Presse um funcionário do Pentágono, sob anonimato.
Os Estados Unidos fornecem armas a Taiwan, incluindo mísseis de defesa e caças, em meio à ameaça de Pequim de retomar o controle da ilha à força e reintegrá-la à China.
Os americanos também têm um compromisso ambíguo de defender Taiwan, que Pequim considera uma província rebelde.
"Ninguém deve subestimar a forte determinação (...) do povo chinês em defender a soberania nacional e a integridade territorial", advertiu Xi neste sábado.
A líder da ilha, Tsai Ing-wen, inimiga dos comunistas por suas tendências separatistas, também deve fazer um discurso no domingo por conta do aniversário.
"Aqueles que traem a pátria e dividem o país nunca terminam bem", ameaçou Xi Jinping a respeito dos separatistas taiwaneses.
As comemorações dos acontecimentos de 1911 ocorrem em meio a tensões no Estreito de Taiwan, após a maior incursão nos últimos dias por aviões militares chineses na zona de identificação de defesa aérea da ilha./ AFP
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