Autoridades da Zâmbia resgataram 48 adolescentes de um campo de circuncisão masculina, após relatos desesperados de alguns pais que disseram que seus filhos haviam sido sequestrados, contaram autoridades à BBC.
De acordo com a BBC, cerimônias secretas de ritos de passagem tradicionais fazem com que meninos entre 10 e 17 anos passem até seis meses em reclusão no mato. As autoridades disseram que o local, nos arredores da cidade de Livingstone, perto de um parque nacional de vida selvagem, foi criado sem permissão, a afirmaram que as crianças estavam “enjauladas” em condições insalubres e perigosas.
Três dos meninos resgatados foram brevemente internados no hospital – alguns para tratamento de complicações após serem submetidos à circuncisão, normalmente feita com lâminas de barbear. De acordo com a Zambia National Broadcasting Corporation (ZNBC), um dos meninos sofria de esquistossomose, uma doença crônica transmitida por água contaminada que prejudica o crescimento e o desenvolvimento cerebral das crianças.
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O local onde as crianças estavam foi incendiado, diz a emissora nacional do país. Segundo a BBC, pessoas ligadas a estes centros vão a escolas para “recrutar” rapazes, forçando a entrada nas salas de aula para buscar aqueles que consideram ter a idade certa. Os pais dos meninos não são consultados e os professores pouco podem fazer para resistir às suas táticas de intimidação. Alguns dos meninos vão junto de bom grado, mas muitos são coagidos e informados de que não podem contrariar a tradição.
De acordo com o jornal Daily Mail da Zâmbia, alguns dos meninos foram abusados fisicamente pelos responsáveis do local depois de tentarem escapar à noite. Os pais teriam sido contatados por telefone com exigências de até US$ 75 (cerca de R$ 416) para despesas, apesar de não terem dado permissão para a participação de seus filhos.
Tabu cultural
Segundo a BBC, embora a circuncisão cirúrgica masculina esteja disponível em hospitais públicos e privados na Zâmbia, muitas vezes incentivada como uma forma de reduzir a infecção pelo HIV, alguns grupos étnicos preferem a abordagem tradicional. O procedimento tende a ocorrer no inverno do hemisfério sul para minimizar o desconforto associado ao processo de cura – embora o rito de passagem tenha a intenção de ser um teste de resistência.
O proprietário do acampamento foi inicialmente preso, mas liberado sob a condição de incendiar o local do acampamento, composto principalmente de abrigos de madeira rústica.
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