Zelenski pede na ONU que Rússia seja punida: ‘Eles devem pagar o preço por esta guerra’

Em discurso pré-gravado, presidente ucraniano pediu que Moscou perca direito ao voto e ao veto e seja indiciado em um tribunal especial

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Por Redação
Atualização:

O presidente da Ucrânia, Volodmir Zelenski, pediu na Assembleia-Geral das Nações Unidas que a Rússia perca o direito ao voto e o direito ao veto na instituição e no Conselho de Segurança e seja indiciado em um tribunal especial por crimes de guerra, como punição pela guerra na Ucrânia. Em um discurso pré-gravado, anterior às ameaças de Putin de guerra nuclear, Zelenski diz que a Rússia “deve pagar o preço por esta guerra” e que as forças ucranianas “podem devolver a bandeira da Ucrânia a todo território”.

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Para Zelenski, um tribunal especial serviria de mensagem a outros países para que preservem a paz. Durante sua fala, o presidente reiterou o desejo e necessidade de que haja punição à Rússia pelos crimes cometidos durante o conflito, como violação à integridade do território e soberania ucraniana, exemplificou. “Nós queremos paz, a Europa quer paz, o mundo quer paz”, declarou.

“Enquanto o agressor for parte da tomada de decisões nas organizações internacionais, ele deve ser isolado delas”, acrescentou.

Representantes das Nações Unidas assistem discurso pré-gravado do presidente ucraniano Volodmir Zelenski durante a Assembleia-Geral da ONU, nesta quarta-feira, 21 Foto: Anna Moneymaker / AFP

O presidente ucraniano ainda pediu um fundo de compensação para que a Rússia possa “pagar o preço” pelos danos causados na Ucrânia. Ele avalia que essa seria uma das principais punições, uma vez que as autoridades russas “valorizam dinheiro acima de tudo”. “Petróleo e gás são as armas energéticas da Rússia”, afirmou Zelenski.

No discurso, Zelenski não faz referências às últimas declarações de Vladimir Putin, que convocou reservistas russos para lutar no conflito e ameaçou o Ocidente com uma guerra nuclear. Entretanto, em uma entrevista à emissora alemã Bild concedida na manhã desta quarta, o presidente ucraniano disse que não acha que as armas nucleares serão utilizadas. “Não acho que o mundo deixará isso acontecer”, declarou.

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Zelenski também externou o temor que a Rússia prepare novas ofensivas ou reforce suas posições durante o inverno do Hemisfério Norte, no fim deste ano. Por isso, pediu mais apoio militar aos aliados e descartou o fim das hostilidades em um futuro próximo. “Não podemos aceitar adiar a guerra”, disse.

Guerra protagoniza encontro da ONU

A guerra na Ucrânia dominou o encontro da ONU esta semana, quase sete meses depois que a Rússia invadiu o país e transformou o conflito no maior confronto militar na Europa desde a 2ª Guerra. Líderes ocidentais como os presidente dos EUA, Joe Biden, e da França, Emmanuel Macron, colocaram o assunto em primeiro lugar em seus discursos.

Desde que o conflito teve início, os países-membros da ONU o repudiam nas reuniões, mas não conseguem interrompê-lo. Um dia depois do início da guerra, em 24 de fevereiro, a Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança, vetou uma resolução que demandava o fim dos ataques e a retirada de todas as suas tropas do território ucraniano. No mês seguinte, em março, a ONU condenou a invasão na Assembleia Geral por 141 votos e pediu um cessar-fogo imediato do conflito.

Imagem mostra transmissão do discurso gravado do presidente ucraniano, Volodmir Zelenski, na Assembleia Geral da ONU nesta quarta-feira, 21 Foto: Angela Weiss/AFP

Nesta quarta-feira, Joe Biden repudiou a guerra e disse que ela tem o objetivo de “extinguir o direito da Ucrânia de existir como um Estado. As declarações de Putin foram chamadas pelo presidente americano de “ameaças nucleares irresponsáveis”. “Uma guerra nuclear nunca pode ser vencida e nunca pode ser travada”, declarou.

Ao acusar Putin de violar a carta base de formação da ONU, Biden convocou todas as nações, sejam democráticas ou autocracias, a se manifestarem contra a “guerra brutal e desnecessária” da Rússia e a reforçar o esforço da Ucrânia para se defender.

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Zelenski diz que mundo ‘não pode aceitar’ ameaças de Putin

Apesar do discurso da ONU não citar as declarações de Putin, por ter sido pré-gravado, Zelenski comentou o assunto à Bild TV na manhã desta quarta-feira e disse que o mundo não pode aceitar as ameaças de Putin. “Amanhã Putin poderá dizer: ‘queremos uma parte da Polônia além da Ucrânia, se não, usaremos armas nucleares’”, declarou. “Não podemos aceitar esse tipo de compromisso”.

O ucraniano ainda afirmou que as forças do país vão seguir com a contraofensiva iniciada há algumas semanas no sul e no leste do país. A Rússia corre para realizar referendos nestes territórios, dominados nos primeiros meses de guerra, mas Zelenski está confiante que as tropas irão retomá-los. “Putin quer afogar a Ucrânia em sangue, incluindo o de seus próprios soldados”, declarou o presidente ucraniano.

“Ele precisa de um exército de vários milhões de pessoas contra nós, porque vê que grande parte dos que chegam fogem”, continuou Zelenski, se referindo à convocação dos soldados russos. “Sabemos que eles mobilizaram cadetes, meninos que não sabiam lutar. Não conseguiram nem terminar o treinamento”. /AFP, EFE, AP, NYT

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