Não existe um tratamento para asma que seja adequado para todos

Um novo conjunto de diretrizes reconhece a complexidade na interação entre a genética de um paciente e o meio em que vive

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Por Jane E. Brody
Atualização:

Asma é uma doença com um só nome. Mas especialistas afirmam que o que muitas pessoas asmáticas desconhecem é que esta não é uma doença similar em todos os casos e não existe um só tratamento que atenda a todos os pacientes.

Pelo contrário, como é detalhado num novo conjunto de diretrizes criado por um painel de especialistas, nos 13 anos desde que as últimas diretrizes foram emitidas, avanços enormes ocorreram em termos de compreensão das causas e os efeitos fisiológicos de vários tipos de asma e as diferentes abordagens necessárias para tratá-los e minimizar as crises de asma em crianças e adultos. As novas diretrizes foram publicadas em dezembro no Journal of Allergy and Clinical Immunology.

Ilustração de Gracia Lam/The New York Times 

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“Nos últimos anos, temos observado que a asma é um pouco diferente em cada indivíduo, com mecanismos inerentes distintos, e o paradigma para tratar a doença mudou completamente”, disse Michael Wechsler, especialista em doenças asmáticas no National Jewish Health em Denver.

Hoje é reconhecido que a asma é uma doença muito mais complexa do que se imaginava em 1991, quando as primeiras diretrizes, em sentido amplo, foram emitidas. Ela é agora considerada uma síndrome com muitas características, ou fenótipos, diferentes que resultam da interação entre a genética de uma pessoa e o ambiente em que vive.

Além disso, embora não abordado em detalhes nas novas normas, o mais recente tratamento com os chamados medicamentos biológicos prenuncia novas formas de terapia personalizada para pacientes com asma grave que não é bem controlada por outros remédios, apesar de mais baratos. Os remédios biológicos são drogas produzidas a partir de moléculas modificadas de células de organismos vivos que têm por alvo o percurso específico da doença que culmina nos sintomas asmáticos.

“Nos últimos 13 anos, observamos uma explosão de novas estratégias, novos conceitos, novo entendimento do mecanismo, novas drogas e novos tratamentos”, afirmou Wechsler em uma entrevista. “Somente nos últimos cinco anos foram aprovados cinco novos medicamentos para tratamento de asma”.

As novas diretrizes são especialmente úteis para pessoas que vêm se tratando de asma, branda ou grave, que agora não está sendo controlada adequadamente. Mais da metade dos pacientes é tratada por médicos clínicos gerais, encaminhada para especialistas como pneumologistas ou alergologistas, quando sua condição agrava ou não responde bem ao tratamento, disse Michelle M. Cloutier, professora emérita na Escola de Medicina da Universidade de Connecticut, que presidiu o painel de especialistas.

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A asma afeta 25 milhões de pessoas nos Estados Unidos, 5,5 milhões são crianças. Não é uma infecção, embora o corpo reaja como se fosse atacado por um inimigo. Trata-se de uma doença respiratória crônica em pessoas cujas vias aéreas inflamam numa reação a várias substâncias ou comportamentos que desencadeiam a doença. As vias aéreas inflamadas incham e obstruem a entrada de ar, causando um broncoespasmo. Se esse broncoespasmo não for rapidamente revertido fica difícil respirar, o que pode resultar em uma hospitalização ou morte.

Apesar de as pessoas com asma sempre estarem com alguma inflamação das vias aéreas, elas são particularmente sensíveis a determinados fatores que pioram a inflamação e dificultam a respiração. Assim, algumas pessoas têm alergia ao pólen, ao pelo de animais, ácaros, roedores ou baratas, que, se derem de encontro, desencadeiam um ataque de asma. Outras são sensíveis a substâncias irritantes no ar, como fumaça de cigarros, poluentes do ar ou substâncias com odores muito fortes.

“Por exemplo, mesmo o material usado para limpeza pode ser irritante para uma pessoa com asma”, disse Wechsler.

No caso de algumas pessoas asmáticas, uma infecção viral, como uma gripe ou um resfriado comum, ou o uso de um medicamento como aspirina, um betabloqueador, um anti-inflamatório não esteróide (NSAID) podem aumentar a inflamação das vias aéreas e dificultar a respiração. Outras também têm problema quando praticam exercícios, especialmente em dias frios.

Até mesmo emoções fortes, como medo, raiva, excitação ou riso incontido, além de mudanças rápidas do clima, são problemáticos para indivíduos com asma.

Embora várias pessoas que conheço que sofrem de asma temessem que poderiam contrair a covid-19 e adoecer gravemente, evidências não mostraram um risco aumentado para contrair o coronavírus ou desenvolver uma infecção mais grave por causa dele. Segundo o médico, na verdade, “tratar a asma pode até ser uma proteção contra a covid”.

Hoje os pesquisadores reconhecem que o evento desencadeador de um ataque de asma pode ter diferentes manifestações dentro das vias aéreas e, portanto, responder melhor a tratamentos diferentes. Como explicou Cloutier, no caso da asma alérgica, as células que geram a inflamação, chamadas eosinófilos, atingem as vias aéreas, as células chamadas neutrófilos são liberadas, justificando um tratamento diferente.

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As novas diretrizes realçam o valor de uma medida chamada FENO que significa fração de óxido nítrico exalado, descrita como útil para se diagnosticar corretamente e tratar adequadamente a asma em diferentes pacientes. No caso de crianças com cinco anos de idade ou mais, a medida do óxido nítrico ajuda a confirmar o diagnóstico de asma e avaliar a eficácia do tratamento.

Embora as diretrizes não ofereçam regras rígidas, são feitas sugestões de tratamento valiosas quando remédios usados não trazem o máximo de alívio possível. Por exemplo, o painel indicou de maneira inequívoca que revestir colchões e travesseiros com capas que protegem contra alergia por si só não é uma solução para alguém alérgico a ácaros.

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“A intervenção de um único componente com frequência não surte efeito no caso dos esforços para controlar alérgenos dentro do ambiente. Entre os métodos combinados sugeridos estão o uso de pesticidas contra ácaros em carpetes, colchões e móveis, sistemas de filtração de ar e purificadores de ar, incluindo aqueles com filtros HEPA, remoção de carpetes que cobrem todo o piso e tapetes, pelo menos no quarto da pessoa alérgica, e diminuir o mofo.

O estudo também alerta contra a total confiabilidade de um resultado negativo de um teste de alergia se a pessoa reporta um agravamento dos sintomas quando exposta ao alérgeno testado. Por outro lado, alguns pacientes que testam positivo podem não reagir àquela substância na vida real. Alguns podem ter desenvolvido uma tolerância ao alérgeno que pode ser anulada por tentativas de reduzir a exposição do paciente a ele. / TRADUÇÃO DE TEREZINHA MARTINO

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