Combinando psicoterapia e toque físico, parceiros substitutos ajudam quem tem dificuldades no sexo

Não se trata de prostituição, ‘o objetivo é que os pacientes aprendam competências de relacionamento e desenvolvam uma relação com o seu próprio eu sexual’, disse uma delas

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Por Gina Cherelus

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Eileen Chao trabalha com pessoas que, por vários motivos, não se sentem confortáveis na hora do sexo.

Alguns de seus pacientes são adultos virgens que sentem muita ansiedade em relação ao desempenho e vulnerabilidade; outros passaram recentemente por uma transição de gênero e estão procurando ajuda para se acostumar com seus novos corpos. Ela também trabalha com pessoas cuja educação religiosa complicou sua relação com o sexo ou lhes ensinou “que seu corpo não é confiável”.

Parceiros substitutos trabalham com pessoas que, por vários motivos, não se sentem confortáveis na hora do sexo. Foto: Alex Green/Pexels

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Chao é uma parceira substituta em São Francisco. Ao contrário das formas mais tradicionais de terapia, em que os profissionais geralmente têm o cuidado de manter os pacientes à distância, um parceiro substituto “entra em um relacionamento temporário” com um paciente em um nível íntimo, disse ela.

“O objetivo é que os pacientes aprendam competências de relacionamento e também desenvolvam uma relação com o seu próprio eu sexual”, disse ela.

Chao, de 42 anos, descreveu seu espaço como um “laboratório de relacionamento”, no qual inicia diferentes experimentos para ajudar os pacientes a identificar quaisquer que sejam suas barreiras com relação à intimidade emocional e física.

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Uma das primeiras coisas que ela faz com as pessoas é ajudá-las a envolverem-se com sua respiração. O que elas notam quando respiram fundo? Que mudanças percebem nos seus corpos? Eles também fazem experiências com o toque, revezando-se e concentrando-se na sensação de dar e receber.

Chao, que também trabalha como coach de intimidade sexual - um trabalho semelhante, embora as roupas permaneçam - acredita que o exercício ajuda os pacientes a sair de suas mentes, onde pensamentos como “Meu parceiro está entediado?” ou “Estou fazendo isso direito?” podem ser difíceis de ignorar. O objetivo é regressar aos seus corpos.

A terapia do parceiro substituto geralmente começa a partir de um encaminhamento de um psicoterapeuta, que primeiro avalia se alguém é um bom candidato para esse tipo de tratamento. As sessões são normalmente realizadas semanalmente, de uma a duas horas até que os três concordem que a terapia está completa. Normalmente, não é coberta pelo plano de saúde e, embora as taxas variem, pode custar de US$ 75 a US$ 350 por hora.

O que é e como funciona?

A terapia de parceiros substitutos foi originalmente concebida em St. Louis na década de 1960 por William H. Masters e Virginia E. Johnson, pioneiros na pesquisa e compreensão da sexualidade humana.

De acordo com Andrew Heartman, cofundador do Surrogate Partner Collective, o conceito da terapia de parceiros substitutos foi introduzido ao público em 1970 com o lançamento do livro Human Sexual Inadequacy, de Masters e Johnson.

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“Eles eram muito orientados para a disfunção sexual”, disse ele sobre Masters e Johnson. “Consequentemente, eles mediam o sucesso pelo fato de o casal ser capaz de ter relações heterossexuais.”

Inicialmente, a terapia com parceiros substitutos era mais comum com pacientes heterossexuais; no entanto, terapeutas atualmente tem inserido pessoas da comunidade LGBTQ. Foto: Cottonbro Studio/Pexels

A terapia de parceiros substitutos hoje tenta ir além dessa abordagem, incluindo a comunidade LGBTQ e sendo mais diversa.

Em vez de vê-la como um tratamento para disfunção sexual com o objetivo de manter uma relação sexual, agora a intenção é ajudar as pessoas a terem relações e habilidades de relacionamento melhores”, disse Heartman.

Em entrevistas, os parceiros substitutos explicaram os muitos equívocos em torno de sua profissão. Parceiros substitutos não são prostitutas, para começar. Muitos praticantes também se opõem a serem chamados de substitutos sexuais, porque acreditam que sua forma de terapia é muito mais do que sexo.

Por exemplo, Chao, que faz isso há cerca de 10 anos e também é membro e instrutora do Surrogate Partner Collective, frequentemente trabalha com pacientes para descobrir suas necessidades únicas de relacionamento, mas ela pessoalmente não se envolve em atividades sexuais com eles.

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Ela também já atendeu homens que a procuraram apenas pelo sexo.

“Muitos deles dizem coisas como: ‘Ah, eu não quero fazer esse trabalho com alguém que foi forçado a fazê-lo ou que foi traficado’”, disse ela. “E também há muita vergonha em ser cliente do trabalho sexual, então eu procuro educar em torno disso também.”

Nem tudo é sobre sexo

Nicole Ananda, uma parceira substituta de 48 anos perto da Filadélfia e outra cofundadora do Surrogate Partner Collective, disse que o maior mal-entendido sobre esse trabalho é a suposição de que, por envolver sexo, é tudo sobre sexo.

“Mesmo que nos concentremos na sexualidade de alguém e na sua falta de energia sexual, o que realmente importa são as relações e ajudar pessoas a se conectarem consigo mesmas”, disse ela em uma entrevista por telefone.

A clínica de Ananda, Ananda Integrative Healing Group, tem vários terapeutas e parceiros substitutos que atendem principalmente pacientes que sofreram trauma ou abuso sexual ou que têm certos tipos de deficiência.

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“Se algum tipo de contato sexual é incluído no trabalho, ele é feito meses após outros tipos de trabalho com a supervisão de um terapeuta autorizado”, disse ela. “Então, qualquer pessoa que só queira ter algum tipo de experiência sexual, pode obtê-la de forma muito mais rápida e barata se procurar um profissional regular do sexo, que eu pessoalmente também acho que deveria ser algo legalizado e protegido.”

De acordo com a pesquisa de Ananda e conversas que ela teve com outros parceiros substitutos, apenas cerca de 5% a 10% dos casos de terapia de parceiros substitutos envolvem atos sexuais.

Este trabalho leva tempo. Por exemplo, se as questões de imagem corporal são um problema, cerca de três ou quatro meses após o início da terapia, um parceiro substituto pode convidar o paciente a fazer um exercício no espelho: O substituto dá instruções para que a pessoa se veja nua num espelho de corpo inteiro e seja honesta sobre o que sente em relação ao seu corpo e às suas diferentes partes.

“O potencial de contato sexual real torna-o real, por assim dizer”, disse Heartman. “Na verdade, torna o ambiente muito mais realista e todas as partes do processo tornam-se muito mais eficazes, porque o paciente percebe que isto o levará a algum lugar”. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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