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Conheça a ashwagandha, o suplemento do momento que promete aliviar o estresse

Tônicos e comprimidos feitos com esta erva ancestral prometem acalmá-lo e equilibrá-lo. Eles realmente funcionam?

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Por Dani Blum

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Se você acredita no TikTok e nas campanhas publicitárias em tons pastel, aqui está uma lista incompleta do que a ashwagandha pode fazer: reduzir o estresse, “matar” emoções, focar uma mente frenética, conter a ansiedade social, afastar a depressão, dar um impulso na academia.

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A planta ashwagandha - um elemento básico da medicina ayurvédica por milhares de anos - tornou-se popular em 2023. No entanto, especialistas dizem que ainda não está claro se e como ela funciona.

“É a mesma história com a ashwagandha e com muitos, muitos suplementos dietéticos, botânicos, ervas”, disse o Dr. Craig Hopp, vice-diretor de divisão do Centro Nacional de Saúde Complementar e Integrativa. A ciência sobre o suplemento é obscura, mas as pessoas continuam recorrendo a ele.

Aqui está o que se sabe sobre a ashwagandha e o que considerar se você estiver pensando em experimentá-la.

Ashwagandha é uma planta muito comum na ayuverda e se tornou queridinha do ocidente.  Foto: Björn Lie/The New York Times

O que é ashwagandha e o que se acredita que ela faz?

A ashwagandha, um arbusto florido, pertence a uma classe moderna de suplementos conhecidos como adaptógenos - ou seja, eles ajudam seu corpo a se adaptar ao estresse. Desde sua longa história até os dias atuais, a ashwagandha tem sido usada para tratar a insônia e fortalecer o sistema imunológico, bem como para reduzir o estresse. Ela também é citada para aumentar a testosterona, retardar os efeitos físicos do envelhecimento e muito mais.

Uma das razões pelas quais é tão complicado definir o que o suplemento pode fazer é que a planta ashwagandha é complexa. Existem centenas de compostos ativos, e aqueles que você encontra na raiz da planta podem variar muito daqueles encontrados nas folhas, por exemplo, disse o Dr. Pieter Cohen, professor associado da Harvard Medical School que estuda suplementos.

“Falar sobre ashwagandha como um composto, como se fosse Tylenol ou vitamina C, não faz sentido algum”, disse ele.

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Além do mais, os suplementos de hoje podem conter maiores concentrações de ingredientes do que os encontrados na natureza, disse Lilian Cheung, professora de nutrição na Harvard T.H. Chan School of Public Health. Isso significa que uma pílula de ashwagandha que você compra em uma loja de suplementos para a saúde, por exemplo, provavelmente não tem a mesma força ou tipo de ashwagandha que era tradicionalmente usada na medicina oriental.

E como os suplementos são pouco regulamentados nos EUA, é difícil saber se você está comprando ashwagandha de verdade.

A ashwagandha funciona?

Tal como acontece com grande parte da medicina herbal, existem poucos estudos rigorosos e duplo-cegos avaliando a ashwagandha. Grande parte do conhecimento sobre seus benefícios decorre de seu uso tradicional, disse a Dra. Yufang Lin, especialista em medicina integrativa da Cleveland Clinic.

Os estudos sobre ashwagandha que existem tendem a ter um número relativamente pequeno de participantes humanos. Uma meta-análise consolidou 12 desses estudos menores e mostrou uma ligação promissora entre a planta e o alívio do estresse - mas pesquisas adicionais seriam necessárias para demonstrar essa conexão em uma escala maior, disse o Dr. Anand Dhruva, professor de medicina e diretor de educação no Osher Center para Medicina Integrativa da Universidade da Califórnia, em São Francisco.

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O Dr. Hopp disse que “muitas vezes, as pessoas pensam, ‘Bem, tem sido usada por milhares de anos - deve ser bom para alguma coisa, caso contrário as pessoas não continuariam a usá-la.’” Mas sem pesquisas definitivas demonstrando o que a ashwagandha pode fazer, os consumidores ficam sem respostas claras.

Existem algumas teorias, porém, sobre por que as pessoas podem relatar menos estresse depois de tomar ashwagandha, com base no que os especialistas sabem sobre adaptógenos em geral. Melinda Ring, especialista em medicina integrativa da Northwestern Medicine, disse que a planta poderia potencialmente suprimir os receptores de dopamina no cérebro, que entram em ação quando estamos estressados. A ashwagandha também é considerada para ajudar a regular os níveis de cortisol, acrescentou. Há também o poder do efeito placebo - as pessoas podem se convencer de que sua ansiedade está diminuindo.

Quanto à sensação de entorpecimento que os usuários do TikTok afirmam ter, é possível que algumas pessoas experimentem uma diminuição do estresse e da ansiedade como emoções embotadas em geral, disse a Dra. Ring. “Mas, na minha experiência, e nos 1.000 anos em que ela tem sido usada, geralmente não é esse o efeito”, disse ela.

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Para que a ashwagandha tenha uma influência calmante, em teoria, disse a Dra. Lin, uma pessoa precisaria consumi-la regularmente (cerca de duas vezes ao dia) por várias semanas - uma cápsula ou bebida infundida com o suplemento provavelmente não terá o tipo de efeito instantâneo que alguns fabricantes anunciam. Ela recomendou tomá-lo durante períodos breves e específicos, não todos os dias ininterruptamente.

Uma breve meditação, ou mesmo uma xícara de chá, tem mais chances de equilibrá-lo durante um momento de estresse intenso, acrescentou ela.

“Os adaptógenos não funcionam como uma aspirina”, repetiu a Dra. Ring. “Eles trabalham com o tempo.”

A ashwagandha é segura?

Para a maioria das pessoas, a ashwagandha tem efeitos colaterais relativamente mínimos, disseram os especialistas. Alguns que a consomem podem sentir dor de estômago, náusea ou diarreia; em casos raros, quem a utiliza pode vomitar.

No entanto, a ashwagandha pode ser perigosa para certos grupos. Pessoas com problemas de tireoide devem tomar cuidado com o suplemento, e aqueles com distúrbios autoimunes ou câncer de próstata sensível a hormônios devem evitá-la, disse a Dra. Ring. Grávidas também devem ficar longe, disse ela, porque ela pode prejudicar ou interromper a gravidez.

Os especialistas entrevistados para esta matéria recomendaram conversar com seu médico antes de experimentar a ashwagandha e perguntar se ela poderia interagir com qualquer medicamento que você esteja tomando. Também é importante escolher um suplemento que venha de uma fonte avaliada. Cohen recomendou a busca de suplementos certificados por uma organização terceirizada, como a Farmacopeia dos EUA ou a NSF, mas mesmo essa etapa extra de validação não pode confirmar os compostos ativos que estão realmente dentro de um produto de ashwagandha.

“No momento, os consumidores americanos permanecem completamente no escuro”, disse o Dr. Cohen. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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