Em tempo de shows e festivais, quão longe você iria para ver seu artista favorito?

Membros do BeyHive, fãs de Beyoncé, estão percorrendo grandes distâncias - algumas delas transatlânticas - para não perderem a superestrela em sua próxima turnê mundial

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Por Sandra E. Garcia

THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Até onde você iria para ver a artista que ganhou mais prêmios na história do Grammy? Mais ou menos de 9000 Km?

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Para Janny Nascimento, uma professora de inglês de 29 anos no Brasil, perder a turnê mundial Renaissance de Beyoncé - a primeira turnê solo da cantora desde 2016 - não era uma opção. Então ela pagou 850 euros, ou cerca de US$ 900, por um par de ingressos para ver sua artista favorita em 24 de junho em Frankfurt, na Alemanha.

“Eu faria de novo se fosse preciso porque é um sonho se realizando”, disse Nascimento de seu apartamento em Campos dos Goytacazes, uma cidade a quatro horas a nordeste do Rio de Janeiro. Embora nunca tenha viajado para fora do Brasil, “agora estou atravessando dois continentes para ir a um lugar onde nunca estive, um país cuja língua nem falo”, ela disse.

Capa do 'Renaissance', último lançamento de Beyoncé.  Foto: Columbia Records Group

O anúncio da turnê no Instagram imediatamente desencadeou um frenesi por ingressos, com os fãs enlouquecendo com a ansiedade da pré-venda (e revenda). As chances de conseguir ingressos antes de serem colocados à venda para o público em geral foram oferecidas aos membros do fã-clube oficial de Beyoncé e aos portadores de certos cartões de crédito através de descontos exclusivos na pré-venda.

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Mas no início do processo de registro, a Ticketmaster emitiu um aviso ameaçador de que “a demanda já excede o número de ingressos disponíveis em mais de 800%” em várias cidades, levando alguns fãs preocupados a considerar uma opção improvável: se estou determinado a não perder esta turnê, é possível que a coisa racional a fazer seja cruzar um oceano para ver um show?

Bre Harper, 27, gerente de parcerias criativas do Spotify que mora em Los Angeles, percebeu que suas chances de conseguir ingressos para um show da turnê na América do Norte eram quase nulas.

“Eu, com o resto da internet, entrei na Ticketmaster, onde você precisa ser verificado como fã”, disse Harper, referindo-se às restrições de vendas para as datas da turnê nos Estados Unidos.

“Eu não criei uma conta de fã verificada na Ticketmaster”, ela acrescentou. “Eu só tenho uma conta normal. Eu não queria mexer com toda essa coisa de fã verificado.”

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Enquanto navegava no TikTok, Harper descobriu que não precisava ser verificada para comprar ingressos para a parte europeia da turnê. Ela também notou que os ingressos para datas europeias costumam ser centenas de dólares mais baratos do que ingressos semelhantes nos Estados Unidos, ela disse. Quando ela perguntou ao namorado se ele estaria disposto a viajar com ela, ele disse que sim.

A única cidade europeia que ela conseguiu encontrar com ingressos disponíveis na seção “Club Renaissance” foi Varsóvia, na Polônia. Harper, que disse acreditar que a turnê de 40 cidades poderia ser a última da artista, comprou um par de ingressos de 475 dólares o mais rápido que pôde.

“Ela agora tem uma vida, uma família”, disse Harper. “Acho que será a última turnê dela e não queria perdê-la.”

Os ingressos para a turnê, que promove o sétimo álbum solo de estúdio de Beyoncé, Renaissance, foram colocados à venda para membros do fã-clube BeyHive em 6 de fevereiro. A decisão da Ticketmaster de exigir o registro de fã verificado reflete uma das tentativas mais fortes da empresa para impedir bots e cambistas de comprar ingressos e revendê-los com preços absurdos.

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No final do ano passado, a Ticketmaster foi forçada a cancelar um lançamento geral de ingressos para a turnê Eras de Taylor Swift depois que um período de pré-venda superaquecido terminou em caos. Os fãs de Swift reclamaram que os ingressos estavam sendo vendidos com preços absurdos de até dezenas de milhares de dólares em sites como o StubHub.

O Departamento de Justiça abriu uma investigação antitruste sobre a Live Nation Entertainment, proprietária da Ticketmaster. No mês passado, durante uma audiência de quase três horas do Comitê Judiciário do Senado, os políticos pintaram a gigante dos shows como um monopólio que dificulta a concorrência e prejudica os consumidores. Logo após o anúncio da turnê mundial de Renaissance, o Comitê Judiciário do Senado emitiu um aviso ameaçador à Ticketmaster no Twitter.

A Ticketmaster, cujo presidente da matriz reconheceu problemas com a pré-venda da turnê de Swift, não respondeu imediatamente às perguntas.

A turnê está programada para começar em 10 de maio em Estocolmo, atravessando a Europa até junho antes de seguir para a América do Norte em julho.

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Depois de perder a oportunidade de ver Beyoncé no Rio de Janeiro em 2013, Nascimento estava decidida a não perder outra chance. Embora ela ainda não tenha passaporte, já tirou uma foto para ele.

“Ainda estou com dificuldades, pensando na fatura do cartão de crédito”, disse Nascimento. “Eu faria de novo se fosse preciso”, acrescentou pensativa. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES

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