Influenciadores fazem sucesso nas redes com reformas e vídeos de 'faça você mesmo'

As redes sociais se tornaram um bom lugar para encontrar dicas de como reorganizar ambientes ou fazer pequenas mudanças em casa

PUBLICIDADE

Por Ronda Kaysen

Na primavera de 2020, Emily Shaw era recém-formada e, como muitos graduados durante a pandemia, morava na casa dos pais, sem emprego e sem nada para fazer. Então decidiu usar sua licenciatura em arquitetura de interiores e arrumar a casa dos pais em New Hampshire, narrando o processo no TikTok.

Com bastante tinta spray, cola quente e sorte nas visitas aos brechós, quase qualquer espaço pode ficar com cara de que pertence à internet. Foto: Trisha Krauss/The New York Times

PUBLICIDADE

Em um mês, tinha um milhão de seguidores em sua conta, @emilyrayna, que a viam puxar tapetes, substituir bancadas e restaurar móveis antigos. "Foi bem assustador. Antes disso eu não gostava muito de redes sociais", disse Shaw, de 23 anos, que se mudou da casa dos pais e agora tem 5,2 milhões de seguidores no TikTok.

Shaw descobriu por acaso um público com apetite voraz pelo trabalho penoso das pequenas reformas domésticas do tipo "faça-você-mesmo", no pequeno formato que tornou o TikTok tão delicioso. Seus primeiros vídeos, narrados em tom calmo e ao mesmo tempo alegre, focam a garra da renovação. Em um clipe, ela fala das ferramentas que usa para remover o papel de parede. Em outro, recomenda a melhor fita crepe para pintura (spoiler: não é a azul).

Shaw está em um grupo de jovens influenciadores que oferece uma alternativa à imagem brilhante dos programas de reforma doméstica popularizados por redes como a HGTV. Nesse mundo de melhorias domésticas, não há dupla profissional como Chip e Joanna Gaines para se aproximar e segurar a mão de um infeliz proprietário enquanto paredes são derrubadas. Em vez disso, esses influenciadores do TikTok, do Instagram e do YouTube estão atraindo uma geração mais jovem, ansiosa para descobrir como consertar sua casa por conta própria, com um orçamento extremamente apertado.

Publicidade

Contando principalmente com objetos achados em promoções e com madeira, esses influenciadores rejeitam a ideia de que uma sala de estar digna do Instagram requer um orçamento de quatro dígitos, ou mesmo de três dígitos. Inquilinos e proprietários podem aprender a transformar cômodas da Ikea ou abajures de brechó em peças centrais arrojadas. Shaw renovou a sala de estar, a sala de jantar, a cozinha, o pátio e o quarto de seus pais por apenas US$ 1.000, mostrando que, com bastante esforço e lixa, quase tudo pode ser digno de uma grande revelação.

"Em todos os meus vídeos, ainda recebo muitos comentários do tipo: 'Não tenho dinheiro para fazer esse design.' Tento tranquilizar as pessoas, garantindo que é algo que podem fazer, sim. Tem muita coisa que não envolve necessariamente dinheiro", afirmou Shaw, destacando a cor, a iluminação e a disposição dos móveis como três elementos que podem melhorar um espaço com um orçamento apertado.

Para pagar pelo projeto na casa dos pais, Shaw vendeu seus móveis antigos pela internet e usou o dinheiro para comprar novos materiais. Ela comemorou as descobertas, como um toco de árvore que ela lixou, selou e transformou em uma mesa para o novo pátio que seu namorado estava construindo com blocos de madeira tratada, que ele encontrara on-line gratuitamente. Apesar do pequeno orçamento, Shaw transformou uma área de estar apertada e claustrofóbica em um espaço arejado e moderno para os pais, mostrando a revelação em um vídeo emocionado de 11 minutos no YouTube. Desde que terminou o projeto dos pais, ela decorou o próprio apartamento e ofereceu conselhos de design a seguidores que enviaram fotos de seus espaços frustrantes.

No Lone Fox, canal do YouTube com 1,3 milhão de assinantes, Drew Scott recentemente reformou o banheiro de sua mãe por menos de US$ 300, cobrindo o piso ladrilhado bege com ladrilhos hexagonais colantes e as paredes com um papel de parede de azulejos de metrô. Em outro vídeo, sobre como usar móveis da Ikea de forma inovadora, ele transformou uma cesta em uma luminária pendente e pintou um armário de pinho simples de preto.

Publicidade

Scott, de 26 anos, lançou o canal em 2018, mas ganhou força durante a pandemia, quando as pessoas buscavam atividades para ocupar o tempo e melhorar a casa. Muitos de seus seguidores são locatários que querem que seu apartamento pareça um lar. "Eles precisam de soluções para torná-lo bonito", comentou Scott, ele próprio um inquilino, que gosta de se concentrar em melhorias favoráveis ao locatário, como revestimentos de parede fáceis e transformação de móveis.

O canal agora é o trabalho em tempo integral de Scott. Em tutoriais longos e animados, ele mostra a seus assinantes como fazer um vaso de flores com uma lata de tinta velha e cavilhas de madeira, ou como construir uma cabeceira de pinho e bambu. "Você não precisa de uma equipe de design completa. Existem pequenas coisas transformadoras que você pode fazer com um orçamento apertado."

Para a turma mais ambiciosa do "faça-você-mesmo" que conta com um orçamento maior, uma boa opção é o Smashing DIY, conta no Instagram que Ashley Basnight iniciou em 2016 depois de ter feito uma mesa de cozinha e ter se viciado em marcenaria. Em seus stories no Instagram, Basnight, de 30 anos, fala sobre a reforma de sua casa perto de Oklahoma City. Ela mostra aos seguidores como colocar telhas, instalar tábuas e tapume de sarrafo e construir uma despensa. Em seu site, o Handmade Haven, vende projetos para seus móveis e oferece tutoriais de marcenaria e reforma, oferecendo aos seguidores guias passo a passo de como replicar seus projetos.

Basnight descobriu que ao concentrar os vídeos no processo e não apenas nos resultados, passou a ter mais seguidores. Ela não precisa mais limitar seus projetos à decoração rústica, estilo de que não gosta, mas que atrai um grande público. Em vez disso, pode mostrar seu estilo pessoal, que descreve como "boêmio glamoroso moderno". Agora tem 224 mil seguidores e faturou US$ 267 mil como influenciadora em 2021, de acordo com um post recente. Dois meses atrás, deixou o emprego como engenheira de software para se concentrar em sua presença nas mídias sociais.

Publicidade

PUBLICIDADE

Kelsey MacDermaid, de 29 anos, e Becky Wright, também de 29, iniciaram seu canal no YouTube, o The Sorry Girls, em 2010, quando estavam na faculdade em Toronto e viram um mercado para estudantes que desejavam melhorar o dormitório. "Como estudantes universitários, não tínhamos um orçamento muito grande. Portanto, como poderíamos fazer o dormitório parecer um lugar em que você quer morar?", disse Wright.

Elas descobriram que a resposta era usar pallets. Ou, pelo menos, essa foi uma das respostas. Para um projeto inicial, pintaram um pallet azul-turquesa e o transformaram em uma mesa de centro. Wright queria uma cabeceira para sua cama e, para isso, aprendeu a usar uma furadeira elétrica e descobriu como fazer uma.

Agora, mais de uma década depois da criação de seu canal e com 2,1 milhões de assinantes, o The Sorry Girls funciona em um escritório de Toronto com uma equipe de dez funcionários. Os tempos da faculdade podem ter ficado para trás, mas o canal ainda se concentra em decoração acessível.

Em alta
Loading...Loading...
Loading...Loading...
Loading...Loading...

Em um vídeo recente, a dupla retrabalha o banheiro verde de um funcionário. Em outro, torna mais habitável a pequena sala de estar de outro funcionário, construindo um apoio para o sofá e prateleiras para criar mais espaço de armazenamento. Uma janela curta parece mais alta com um posicionamento inteligente das cortinas, e os espectadores aprendem como fazer uma mesa dobrável que se prende à parede. Em outros vídeos, descobrem como fazer imitações de peças da marca Anthropologie usando objetos achados em brechós, como fazer uma bandeja decorativa a partir de uma cesta de vime e um prato de plástico.

Todo esse entusiasmo faz com que qualquer lugar seja digno de estar na internet: basta tinta spray, cola quente e muitas idas ao brechó.

The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.