THE NEW YORK TIMES - LIFE/STYLE - Vamos começar pelo nome: o peixe realmente é conhecido como “fringehead sarcástico”.
“Fringehead” refere-se aos babados que revestem sua testa. E Watcharapong Hongjamrassilp, um biólogo da Universidade Chulalongkorn em Bangkok que estuda o peixe, disse que os cientistas o chamaram de sarcástico não por causa de seu senso de humor fulminante, mas por sua propensão a atacar qualquer coisa que ameace seu ninho - até mesmo humanos. Eles podem ter se referido a uma antiga palavra grega que significa “tirar a carne”.
Depois de passar pela questão do nome, o comportamento do peixe é fascinante. Observe os fringeheads sarcásticos por tempo suficiente e você verá sua boca saltar para fora como a juba de um leão. A estrutura expõe uma cortina de carne com contornos amarelos, tie dye índigo e um brilho ultravioleta.
Naturalistas e cineastas documentaram o comportamento notável durante as lutas entre os fringeheads. “Mas não tínhamos suporte científico de que esse comportamento era usado apenas para brigas e não para cortejar ou qualquer outro propósito”, disse o Dr. Hongjamrassilp.
O Dr. Hongjamrassilp e seus colegas descobriram que os fringeheads sarcásticos exibiam essas estruturas bizarras não para atrair parceiros ou para lutar contra outras espécies, mas para se defender de sua própria espécie, potencialmente quando competiam por recursos escassos. O estudo foi publicado na revista Ecology.
A equipe observou fringeheads sarcásticos machos na costa da Califórnia. Esses peixes podem crescer até 30 centímetros de comprimento. Os mergulhadores os encontraram vivendo dentro de conchas de caracóis do tamanho de cocos, fendas de rochas e até mesmo em lixo como garrafas de vidro, disse o Dr. Hongjamrassilp.
A equipe documentou brigas entre os peixes e outras espécies, como polvos ou mesmo cientistas mergulhadores.
Os peixes exibiam suas bochechas vibrantes apenas durante a competição com sua própria espécie.
Para testar como a estrutura funcionava durante as lutas de peixes, a equipe capturou 15 fringeheads sarcásticos machos e os levou ao laboratório, onde realizaram competições por uma concha de caracol vazia. Normalmente, os peixes maiores com mandíbulas mais longas venciam. Além disso, a estrutura na boca parecia impedir que as disputas se transformassem em brigas perigosas.
Quando dois peixes se cruzavam, o residente geralmente se manifestava primeiro. O intruso iria retribuir ou recuar. Se as coisas ainda não estivessem resolvidas, eles colidiriam de frente um com o outro, com as estruturas da boca abertas.
Quando as coisas ficavam intensas, um peixe cravava os dentes no outro, ameaçando arrancar seus olhos ou suas extremidades.
O Dr. Hongjamrassilp supõe que a estrutura comunica o tamanho ou a força do sinalizador. O contorno amarelo pode anunciar o tamanho de um peixe, e os músculos proeminentes visíveis dentro da boca podem sinalizar a força de sua mordida.
Uma vez que um indivíduo exibe a estrutura em sua boca, porém, provavelmente fica vendado pela ampla cortina de carne. Isso significa que os lutadores devem avaliar um ao outro antes do início da luta. “O mais engraçado é que eles provavelmente nem sabem contra quem estão lutando”, disse o Dr. Hongjamrassilp. /TRADUÇÃO LÍVIA BUELONI GONÇALVES
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