Em mais de seis meses de pandemia de coronavírus, a doença infectou mais de 11 milhões de pessoas no mundo todo, e matou mais de 525 mil. Mas apesar do massacre cada vez maior, os cientistas ainda não têm uma resposta definitiva a uma das perguntas mais fundamentais a respeito do vírus: até que ponto ele é letal?
Uma estimativa segura ajudaria os governos a prever quantas mortes haverá ainda se o vírus se tornar fora de controle. O número, em geral chamado taxa de letalidade da infecção, poderia dizer às autoridades de saúde o que esperar à medida que a pandemia atinge nações populosas como Brasil, Nigéria e Índia.
Mesmo em países mais pobres, onde ameaças letais como sarampo e malária são constantes e onde são comuns difíceis escolhas ditadas por um orçamento limitado, o número ajudaria as autoridades a decidir se gastar mais com concentradores de oxigênio ou respiradores, ou com vacinas contra o sarampo e redes de proteção contra mosquitos.
A pergunta tornou-se ainda mais complexa no mês passado, quando os Centros para a Prevenção e o Controle de Doenças divulgaram dados segundo os quais, para cada infecção documentada nos Estados Unidos, houve mais 10 outros casos em média que não foram registrados, provavelmente porque eram muito leves ou assintomáticos.
Quando ocorrem muito mais infecções assintomáticas do que o previsto, então o vírus pode ser menos letal do que parecia. Mas até mesmo este cálculo é difícil.
No começo deste mês, depois que a Organização Mundial da Saúde realizou um encontro online de dois dias de duração com 1.300 cientistas do mundo todo, a cientista chefe da agência, dra. Soumaya Swaminathan, disseque, por enquanto, o consenso é que o IFR é cerca de 0,6%, ou seja, o risco de morte é inferior a 1%.
Embora ela não tenha ressaltado o fato, 0.6% da população mundial corresponde a 47 milhões de pessoas, e 0,6% da população dos Estados Unidos equivale a 2 milhões de pessoas. O vírus continua uma grande ameaça.
Neste momento, os países apresentam taxas de letalidade muito diversificadas, ou CFRs, que medem os óbitos entre os pacientes registrados como infectados pela covid-19. Na maioria dos casos, este número é mais elevado em países nos quais o vírus se espalha há mais tempo. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
The New York Times Licensing Group - Todos os direitos reservados. É proibido todo tipo de reprodução sem autorização por escrito do The New York Times.
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.