Enquanto reguladores e indústrias do mundo inteiro tentam reduzir as emissões de carbono, aviões, automóveis e navios começam a adotar motores elétricos. É bom para o ambiente, mas também significa que as viagens poderão mudar. A partir do fim deste ano, a Mokulele Airlines, do Havaí, e sua associada, Ampaire, uma start-up de aviões elétricos sediada na Califórnia, começarão a testar um avião hibrido em uma ponte aérea.
O público que ela atende não comprará passagens, mas as companhias que participam dos testes afirmam que este é um passo importante para provar que o serviço elétrico é viável. “Você descobre uma quantidade de problemas quando começa a voar em uma cadência operacional real”, disse Kevin Noertker, co-fundador e diretor executivo da Ampaire. Ele explicou que o plano atual é introduzir um serviço comercial híbrido até o final de 2021.
Os aviões têm uma autonomia de voo de cerca de 320 quilômetros, mas, por serem híbridos, os pilotos de teste não precisarão se preocupar se as baterias se descarregarem em pleno voo. Os aviões híbridos e totalmente elétricos também poderão ter custos operacionais e de manutenção inferiores aos do avião tradicional movido a combustível fóssil, porque usam menos combustível e têm um número menor de elementos em movimento.
No solo, o estado de Nevada, nos EUA, está há anos trabalhando em um projeto para desenvolver a infraestrutura de recarga do seu veículo elétrico, e encoraja os visitantes a admirarem o estado fazendo uma viagem isenta de emissões. Nevada é também a sede da Tesla Gigafactory, que, até certo ponto, começou a construir os próprios veículos elétricos.
A nova tecnologia permite que os passageiros viajem de acordo com um estilo mais antigo. Como recarregar as baterias leva mais tempo do que encher um tanque de gasolina, isto significa que os motoristas destes veículos muito provavelmente gastarão tempo e dinheiro em pequenas comunidades ao longo da sua rota.
Enquanto isso, no mar, a Hurtigruten, uma companhia de cruzeiros norueguesa, investe consideravelmente em navios movidos de maneira sustentável. A companhia se concentra em cruzeiros de exploração, com navios cujos destinos estão muito distantes do Caribe e do Mediterrâneo visitados pela maior parte dos passageiros. A iniciativa da companhia inclui investir em um navio de cruzeiro totalmente novo com motores híbridos, que lançará este mês. As passagens para a viagem ao Alasca já estão esgotadas.
Nos próximos anos, a companhia também converterá os seus navios mais velhos a diesel em híbridos a gás natural liquefeito e a biogás, e, perto do fim do ano, lançará um catamarã híbrido movido a bateria para expedições ao longo da costa norueguesa, e outros entrarão em serviço em 2020. Nenhum destes navios de primeira geração será totalmente elétrico, mas Daniel Skjeldam, diretor executivo da Hurtigruten, prevê que, em um futuro não muito distante, alguns poderão navegar inteiramente a bateria horas seguidas.
Ele também acredita que a sua companhia não está muito à frente das tendências do setor. “Para ser honesto, acho que assistiremos a uma revolução nas viagens sustentadas na próxima década. Acho que muitos outros portos, no mundo todo, exigirão mais deste setor quantoao tipo de navios que aceitarão nos portos”. / TRADUÇÃO DE ANNA CAPOVILLA
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.