A web está morrendo, e com ela todo o modelo construído em volta da internet baseado em bilhões de páginas HTML dispersas e organizadas por – não apenas, mas principalmente – uma empresa, o Google. Um modelo em que os concorrentes não têm vez e, por isso, estão criando plataformas onde o Google não pode entrar, como as lojas de aplicativos do iPhone e do iPad e a megalomaníaca rede social de Mark Zuckerberg, o Facebook.
Essa ideia foi proposta na edição de setembro da revista Wired, publicada na terça-feira passada, em uma reportagem de capa que, rodou, curiosamente, a web.
A versão digital da reportagem chamada A web morreu. Vida longa à internet, em tradução livre, foi um dos assuntos mais retwittados de acordo com o medidor de tráfego Tweetmeme. Foram mais de 7.614 retweets até sexta-feira, quase o dobro do segundo assunto mais retwittado da semana na categoria Mundo & Negócios, com 3.921.
A reportagem é dividida em duas partes, uma sobre como a mudança afeta a evolução da internet e do consumo de mídias digitais, e outra sobre como o “fim da web” é resultado de uma batalha da Apple e do Facebook contra o Google, e seus efeitos para a economia digital.
A primeira é assinada pelo editor-chefe da revista, Chris Anderson, e explica a ideia do fim da web afirmando que as pessoas estão mais recebendo – e não buscando – informação na internet usando principalmente aplicativos e plataformas. Conectado à rede com um celular, tablet, soft-ware ou rede social, o navegador – o browser – perde a relevância e, com ele, a ideia do website. “Plataformas dedicadas funcionam melhor ou se encaixam melhor na vida das pessoas”, diz o texto. Para o autor de livros como Free e A Cauda Longa, a tolerância ao caos da web está chegando a um limite. “Por mais que gostemos de liberdade e escolha, também adoramos coisas que simplesmente funcionam de forma confiável e fácil.”
O segundo texto, de Michael Wolff, descreve como o modelo de website se manteve ineficiente para os negócios online e pouco atraente à publicidade que paga por eles. Por fim, termina dizendo que com o modelo sem a web – menos disperso e focado menos na tecnologia – estamos retornando a um mundo em que buscamos mais experiências no conteúdo do que na web. “Estamos voltando para casa”, diz.
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