No Brasil, operadoras e analistas se mostram a par dessa mudança. O gasto com minutos de voz está fadado a ser atropelado pelos bytes. “É uma tendência”, concordam. Bem como estão de acordo que a virada, aqui no Brasil, ainda deve demorar um pouco para acontecer.
Para a analista Marceli Passoni, da Informa, o contexto brasileiro ainda é muito particular. Por aqui, “a gente ainda está treinando usuários a mandar SMS”. Em 2010, os brasileiros enviaram em média 20 SMS por mês, enquanto em países como Argentina e Venezuela o número chega a ser 5 ou 10 vezes maior.
“Pouca gente tem celular apto para usar internet. Menos gente ainda podem fazer um usomais intensivo dele, e lançar mão do Skype”, pondera George Dolce, diretor de planejamento comercial da Vivo. A IDC estima que, em 2015, no Brasil, a cada dez aparelhos celulares, quatro serão smartphones.
No entanto, a receita originada de dados em relação à receita total segue crescendo percentualmente para as operadoras. “Enquanto nos Estados Unidos a média vai de 35% a 40%, por aqui, a Vivo bateu neste início de ano a taxa de 22%”, conta Dolce. O executivo confirma que as operadoras estão conscientes da mudança e prevê que o setor “caminha para uma mudança do nosso negócio”. “Voz é limitado, ninguém fala 1 milhão de minutos. Agora, com dados, dá para usar o celular para mandar e-mail, twittar, mandar mensagem pelo WhatsApp, mandar foto, usar aplicativos, falar no Skype”, analisa Dolce.
Além da questão cultural, a infraestrutura poderia funcionar como uma barreira para serviços mais pesados, como conferências ou chamadas de voz e vídeo. E nem é questão de esperar tecnologias mais potentes, como a internet 4G, avalia Bruder. “A tecnologia já existe, está aí. É possível ter um tráfego maior com o que a gente tem hoje. A pergunta das operadoras é: ‘vale a pena investir já?’.”
—-Leia mais: • Minutos deverão ceder aos megabytes • Link no Papel – 23/05/2011