Coincidências acontecem, mas algumas coincidências acontecem mais do que outras.
Desde o início de 2023, os EUA têm apresentado um crescimento da sua produtividade três vezes acima da década anterior à pandemia. O PIB dos EUA vem também crescido além das expectativas e as frequentes correções das taxas de crescimento da economia têm sido uma curiosidade persistente nos EUA e em outros países ao redor do mundo.
As novas descobertas científicas também têm aumentado a um ritmo acelerado. Atualmente, existem mais de 350 ensaios clínicos de vacinas contra o câncer, e cientistas da área já estão começando a falar, agora sem ironia, sobre a possibilidade de uma cura para o câncer.
Essas coincidências vão se tornar cada vez mais frequentes, e aos poucos vai começar a ficar claro de que não se tratam de coincidências. Algo de muito importante aconteceu em novembro de 2022 que está começando a mudar a economia global.
No dia 30 de novembro de 2022, uma empresa modesta e sem fins lucrativos chamada OpenAI lançou despretensiosamente o primeiro algoritmo conversacional de inteligência artificial (IA) que de fato funcionava, o ChatGPT. E desde então muita coisa mudou no mercado de trabalho.
Rapidamente, profissionais de todas as áreas começaram a aplicar essa tecnologia para aumentar a sua produtividade - como no caso da escrita de melhores relatórios, na diminuição do tempo perdido com o preenchimento de burocracias, e no desenvolvimento de melhores códigos de programação.
Essas primeiras aplicações práticas da IA no dia-a-dia das empresas e da ciência têm gerado uma revolução silenciosa que está apenas começando. Por mais que as grandes empresas de IA continuem a perder muito dinheiro, e que as novidades científicas que vêm diretamente dos algoritmos, como no caso do AlphaFold, sejam ainda muito raras, tudo indica que o impacto indireto dos algoritmos na produtividade já começou.
O grande desafio para os próximos anos será definir como a riqueza gerada pela IA será distribuída pela sociedade. As grandes empresas irão tentar usar o seu poder de oligopólio para incorporar esses ganhos de produtividade para os seus donos e herdeiros. A sociedade precisa começar a se organizar para impedir que isso aconteça.
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Se a revolução da IA ficar nas mãos de poucos, apenas trocaremos velhos monopólios por novos. O desafio será garantir que essa tecnologia quebre barreiras, redistribua poder e transforme o progresso tecnológico em avanço social.
O verdadeiro potencial da IA não está em automatizar o presente, mas em reprogramar o futuro. A IA só será revolucionária se for para todos.
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