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Professor Livre Docente de inteligência artificial na Faculdade de Saúde Pública da USP

Opinião | Como a inteligência artificial pode diminuir as desigualdades em saúde no Brasil

IA vai melhorar decisões e a eficiência do sistema de saúde das regiões mais remotas do país

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Foto do author Alexandre  Chiavegatto Filho

O Brasil é um país de profundas desigualdades socioeconômicas que se refletem no nosso sistema de saúde. De um lado, temos centros urbanos com hospitais modernos, especialistas qualificados e acesso a tecnologias de ponta, do outro, áreas remotas e vulneráveis, onde o acesso à saúde é limitado.

Os algoritmos de inteligência artificial (IA) oferecem uma oportunidade histórica para o nosso sistema de saúde, possibilitando otimizar melhores decisões clínicas e a eficiência da gestão em saúde, o que poderá reduzir as desigualdades no acesso e na qualidade do atendimento.

IA pode ajudar no combate contra as desigualdades na sáude  Foto: peopleimages.com/Adobe Stock

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Modelos de IA podem predizer a ocorrência de novos surtos, monitorar pacientes com condições crônicas, personalizar tratamentos de acordo com o perfil de risco de cada paciente e região, auxiliar na gestão de estoques de medicamentos e insumos, e até contribuir para o desenvolvimento de políticas públicas ao analisar tendências epidemiológicas.

O grande desafio da aplicação prática dessas técnicas será a sua adaptação ao contexto brasileiro, com algoritmos que aprendam sobre a nossa diversidade social e geográfica. Treinar modelos de IA com dados representativos de todas as regiões e classes sociais brasileiras será muito importante para que as predições sejam inclusivas.

Para isso, será necessário uma coleta de dados responsável e abrangente de todos os perfis de pacientes, garantindo que essas técnicas funcionem igualmente bem em todas as realidades brasileiras. A utilização de técnicas como o aprendizado de transferência, em que é realizado o ajuste fino dos modelos para as diferentes realidades locais, será importante para garantir a qualidade desses algoritmos em todas as nossas regiões.

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Além disso, a infraestrutura será um ponto crítico. Algumas das inovações em IA requerem uma boa conectividade, acesso a dispositivos de monitoramento e capacidade de integrar dados de diferentes fontes. Em áreas onde esses recursos são escassos, como nas regiões rurais ou periferias urbanas, será necessário adaptar as soluções tecnológicas para funcionarem em condições de baixa conectividade e com menos recursos computacionais.

Outro fator importante para o sucesso da IA na redução das desigualdades em saúde será a capacitação dos profissionais. Médicos, enfermeiros e demais profissionais de saúde precisarão de treinamentos específicos para interpretar e utilizar as informações geradas pelos algoritmos, para com isso garantir que todos tenham as competências necessárias para tirar o melhor proveito das tecnologias de IA.

Se bem adaptada e acessível, a IA pode ser um divisor de águas para a saúde pública brasileira. Ao transformar dados em decisões precisas e personalizadas, a IA pode ajudar a reduzir o atual abismo entre o acesso e a qualidade do atendimento em saúde, especialmente nas regiões mais vulneráveis do país.

Opinião por Alexandre Chiavegatto Filho

Professor Livre Docente de inteligência artificial na Faculdade de Saúde Pública da USP

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