Apesar da aura de paladinos do avanço tecnológico e científico, poucos setores da economia são mais acomodados do que as grandes empresas de tecnologia (Big Techs). Um exemplo recente dessa morosidade é o tempo que demoraram para levar a inteligência artificial a sério.
A arquitetura transformers, que é a base dos avanços recentes dos grandes modelos de linguagem (LLM), foi inventada por pesquisadores do Google em 2017. No entanto, pouco ou nada foi feito para colocá-los em prática até que a OpenAI, então uma pequena startup, lançou despretensiosamente o ChatGPT em novembro de 2022.
Ao se tornar o aplicativo que mais rapidamente atingiu 100 milhões de usuários, o ChatGPT começou a colocar uma pressão significativa sobre as Big Techs. No ano seguinte, elas iniciaram um grande movimento interno de reestruturação para se tornarem empresas baseadas em machine learning.
Mesmo assim, quase nada mudou no site mais popular do mundo. Até hoje, o Google se limita a ser um ascensorista arcaico que apenas conecta os usuários aos sites que estão procurando – e muitos têm notado que, até nessa função relativamente simples, a empresa tem piorado nos últimos anos.
Os avanços da IA nos últimos anos estão trazendo a salvação por meio da introdução da concorrência. A única ameaça real para o Google nas últimas décadas tem sido a Perplexity, uma startup criada em 2022 que usa um algoritmo de IA para resumir a informação da internet quase em tempo real. Em resposta, o Google começou a integrar resultados similares em suas buscas, esboçando alguma reação ao novo competidor.
Na semana passada, foi anunciada a chegada de mais um concorrente com o lançamento, ainda em versão de testes, do SearchGPT, o buscador da OpenAI. Segundo a nota da empresa, o objetivo é fornecer resultados da internet atualizados e de forma rápida, além de incluir os links para as fontes relevantes. Após o anúncio da OpenAI, as ações do Google (Alphabet) caíram 2,5%.
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Essa falta de dinamismo e inovação das Big Techs não é uma característica específica das empresas de tecnologia, mas sim dos monopólios. Kenneth Arrow, um dos economistas mais influentes do século 20 e vencedor do Prêmio Nobel, argumentou que a ausência de concorrência inibe o desenvolvimento, já que empresas monopolistas não enfrentam pressões para inovar.
A história nos ensina que a complacência é o maior inimigo do progresso. Sob a pressão da IA e da competição crescente, as Big Techs estão sendo forçadas a redescobrir seu espírito inovador. A concorrência, além de estimular a inovação, será essencial para a sustentabilidade do crescimento econômico e do desenvolvimento social.
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