Os últimos dias foram possivelmente os mais agitados da breve história da inteligência artificial (IA). Tudo começou no sábado, 4, com a divulgação dos primeiros testes do algoritmo da nova empresa de IA de Elon Musk, o mesmo bilionário que em março deste ano assinou uma carta pedindo uma pausa no desenvolvimento de novos algoritmos.
Segundo Elon Musk, o seu novo algoritmo apelidado Grok tem a vantagem de possuir acesso em tempo real aos dados da rede social X, ex-Twitter, o que traz o potencial de respostas mais ofensivas, preconceituosas e inconvenientes do que todos os outros algoritmos disponíveis hoje.
No domingo, houve o anúncio mais sério do primeiro algoritmo da nova empresa do escritor de best-sellers e ex-CEO da Google da China Kai-Fu Lee. O algoritmo, apelidado de Yi, tem o benefício de possuir código aberto e de ter conseguido já de imediato superar em algumas métricas de performance outros algoritmos poderosos como o Llama-2 da Meta. Na sua última rodada de investimentos, a empresa de Kai-Fu Lee recebeu uma avaliação de mais de US$ 1 bilhão.
Como se não bastassem esses novos algoritmos, a OpenAI lançou na segunda-feira mais uma rodada de novidades que provavelmente faliram algumas centenas das novas startups criadas nos últimos meses. Em primeiro lugar, foram anunciados alguns avanços importantes em relação ao GPT-4, que se tornou mais rápido, barato e agora com a capacidade de receber instruções do tamanho de um livro. Porém, a novidade mais interessante do evento talvez tenha sido a introdução da possibilidade de que cada pessoa consiga otimizar o seu próprio algoritmo para servir como um assistente pessoal.
A realidade é que essas novidades de IA vão se tornar cada vez mais frequentes e transformadoras. Praticamente tudo o que nós seres humanos fazemos bem envolve o aprendizado a partir de muitos exemplos. Com o avanço das técnicas de IA, uma área que ainda está na sua pré-história, em conjunto com o aumento e a qualidade dos dados utilizados para o seu aprendizado, existe uma tendência natural de que ocorra uma explosão das áreas de atuação de algoritmos de IA ao longo dos próximos anos.
Os próximos meses serão fundamentais para que os países garantam seus investimentos em inteligência artificial para não perderem esse que deve ser o maior bonde tecnológico da história. Precisamos de mais cursos que ensinem IA, investimentos públicos e privados em novas tecnologias e um ambiente regulatório que incentive o aumento no número de cientistas e profissionais na área. A história não será benevolente com quem tentar impedir que o seu país participe da maior revolução tecnológica de todas.
A última semana foi agitada, mas daqui a uns anos lembraremos dos dias de hoje como uma época pacata se comparada aos rápidos avanços futuros da IA. Apertem os cintos que o piloto foi automatizado.
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