Na semana passada, foi divulgado o relatório “The Fall 2024 Workforce Index”. O principal resultado do estudo foi que o interesse em inteligência artificial (IA) já está generalizado, com 99% dos executivos de empresas planejando investimentos em IA no próximo ano (sendo 97% “com urgência”), e 76% dos trabalhadores dizendo que pretendem se tornar especialistas na área.
Por outro lado, o relatório encontrou que a adoção da tecnologia parece estar começando a estagnar. Entre março e agosto de 2024, a taxa de adoção de IA nos EUA aumentou em apenas um único ponto percentual, de 32% para 33% dos trabalhadores.
Apesar do alto interesse pela área, um dos grandes desafios atuais para a adoção de IA tem sido a falta de treinamento especializado. Usuários da tecnologia têm rapidamente se dado conta de que a área é muito mais complexa do que parece, e que ferramentas de IA não são mágicas, nem autoexplicativas.
A implementação bem-sucedida da IA exige conhecimentos técnicos avançados para configurar modelos, interpretar resultados e integrá-los de forma coerente aos processos de rotina das empresas e governos. O relatório encontrou que 61% dos trabalhadores passou menos de cinco horas aprendendo de fato a usar IA, e 30% dizem que não tiveram qualquer treinamento na área.
Esse abismo atual entre o desejo de aprendizado e as oportunidades disponíveis pelas instituições não apenas desacelera a adoção de IA, mas também perpetua a concentração de habilidades em alguns poucos profissionais e nas regiões mais desenvolvidas e tecnológicas.
Outro ponto relevante encontrado pelo estudo é a desigualdade na distribuição dos benefícios trazidos pela IA. Enquanto grandes corporações e regiões desenvolvidas seguem na liderança, pequenos negócios, governos locais e trabalhadores de setores menos tecnológicos enfrentam a falta de infraestrutura computacional para acompanhar o ritmo.
Isso não apenas amplia a desigualdade entre os que têm acesso à tecnologia e os que não têm, mas também cria um ciclo onde inovações que poderiam democratizar oportunidades acabam reforçando disparidades. A falta de políticas voltadas à inclusão tecnológica é uma barreira que precisa ser enfrentada para que a IA cumpra seu potencial transformador de diminuir desigualdades.
Para que o potencial da IA seja plenamente explorado, será necessário investir mais do que apenas capital, será preciso investir em conhecimento, paciência e colaboração. Enquanto o interesse por IA cresce exponencialmente, a sua aplicação prática caminha devagar. Apesar de a inteligência ser artificial, os seus desafios ainda são muito humanos.
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