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Conselheira do Pacto Global da ONU e lidera a operação de Corporate Venture Builder da Fisher Venture Builder. Escreve mensalmente às terças

Opinião | Fim da moderação de conteúdo na Meta levanta questões sobre responsabilidade e governança

Se as empresas de tecnologia não forem responsabilizadas, e se as lideranças não assumirem um papel ativo, o controle sobre o fluxo de informações ficará nas mãos de poucos, com potencial para moldar narrativas e influenciar eleições

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Foto do author Amanda Graciano

A desinformação nunca foi tão sofisticada, veloz e impactante como é hoje. Em 2025, as fake news não são apenas um subproduto indesejado da revolução digital; elas são um fenômeno que ameaça o funcionamento das democracias, o equilíbrio de poder global e até as relações interpessoais mais básicas.

Vivemos em um momento crítico em que a manipulação de informações ganha novas dimensões graças aos avanços da inteligência artificial (IA). Vídeos, áudios e imagens falsos tornaram-se indistinguíveis da realidade, e ferramentas que poderiam ser usadas para o bem frequentemente servem para alimentar boatos virais. Esse cenário coloca em xeque a capacidade das instituições – políticas, sociais e tecnológicas – de responderem à altura.

Mark Zuckerberg publicou, nesta terça-feira, 7, em sua conta do Instagram, um vídeo anunciando uma série de mudanças de moderação de conteúdo e checagem de informações nas redes sociais da Meta Foto: Reprodução de vídeo/Instagram/@zuck

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Os movimentos recentes de grandes empresas de tecnologia, como a Meta, revelam a profundidade desse problema. A decisão de transferir a moderação de conteúdo para os próprios usuários, por meio de um sistema descentralizado de “notas de comunidade”, levanta questões sobre responsabilidade e governança. É um modelo que pode, por um lado, democratizar a análise de informações, mas, por outro, reforçar bolhas de desinformação em ambientes já polarizados. A pergunta que fica é: estamos entregando às plataformas digitais um poder que já extrapola o controle estatal?

Esse contexto traz à tona dois cenários para o futuro da desinformação. No melhor deles, governos, empresas e sociedade civil convergem esforços para criar sistemas regulatórios equilibrados, que combinem transparência, responsabilidade e inovação. Tecnologias de autenticação de conteúdo são amplamente difundidas, e a educação midiática torna-se parte essencial da formação dos cidadãos, reduzindo o impacto dos boatos.

No entanto, no pior cenário, o que vemos é a intensificação da desinformação, com empresas de tecnologia centralizando ainda mais o poder sobre o que é ou não considerado verdadeiro. A falta de regulação eficaz permite que algoritmos priorizem o engajamento em detrimento da veracidade, criando um terreno fértil para manipulações políticas e sociais. As democracias, já fragilizadas, podem enfrentar crises ainda mais severas de confiança, à medida que instituições perdem a capacidade de mobilizar consensos mínimos.

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O risco é claro: se as empresas de tecnologia não forem responsabilizadas, e se as lideranças não assumirem um papel ativo, o controle sobre o fluxo de informações ficará nas mãos de poucos, com potencial para moldar narrativas e influenciar eleições. Mais do que nunca, a verdade precisa ser protegida como um bem público, e a liderança, em todas as suas formas, precisa se comprometer com a construção de um ecossistema informacional ético e confiável.

Em 2025, o que está em jogo não é apenas o combate às fake news, mas o futuro das democracias e da cidadania. O compromisso de governos, empresas e cidadãos com a verdade será a diferença entre um mundo onde a informação liberta e um em que ela aprisiona.

Opinião por Amanda Graciano

Conselheira do Pacto Global da ONU e Managing Partner no Experience Club

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