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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião | Assédio a mulheres que buscam vagas no LinkedIn acentua desequilíbrio no mercado de trabalho

Usuárias relatam assédio na plataforma e mostram um longo caminho para um mercado mais igual e diverso

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Foto do author Camila Farani

A vida pessoal e a profissional certamente têm algumas intersecções, já que não podemos nos dividir em dois ou mais. Há habilidades e conhecimentos empíricos que são tão importantes para o currículo como para as relações particulares de uma pessoa. No entanto, em nome da nossa saúde mental, é importante que sejam estabelecidos limites entre trabalho e intimidade. E essa lógica pode ser replicada para o mundo virtual, que transformou a comunicação global por meio das redes sociais e elas se tornaram parte do nosso dia a dia. Plataformas foram criadas para facilitar nossas vidas e trazer entretenimento, com as mais diversas finalidades, como conectar e dividir a rotina com amigos e seguidores; para buscar um relacionamento; para organizar procedimentos e compromissos; para gerar networking profissional e conexões entre quem contrata e quem procura emprego.

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O LinkedIn se enquadra na última categoria e tem mais de 950 milhões de usuários no planeta. No Brasil, o número ultrapassa 67 milhões e nos EUA chega a 206 milhões. Por semana, mais de 61 milhões de pessoas procuram emprego e a cada minuto, oito são contratadas por meio da plataforma.

Como empresária e investidora enxergo a rede social como uma importante solução tecnológica para empregabilidade e rede de contatos. Na minha experiência pessoal e profissional, me conecto com pessoas a milhares de quilômetros de distância, me informo com os melhores nomes por meio de seus conteúdo e, claro, produzo meu próprio conteúdo com o objetivo de incentivar mais e mais pessoas - especialmente mulheres - a empreenderem. Esse esforço me colocou no TOP10 influenciadores do prêmio iBest, um dos maiores da internet, e que busco alcançar a parte mais alta desse ranking. Sabe por quê? Para provar que mulheres podem e devem ser levadas a sério em todos ambientes, inclusive nos virtuais.

Usuárias relatam assédio na plataforma de contratação LinkedIn Foto: Dado Ruvic/REUTERS

Não há dúvidas do propósito da rede social, mas, mesmo assim, usuárias ainda precisam lidar com desafios impostos em razão do gênero. Pesquisa realizada pela empresa americana Passport Photo Online apontou que nove em cada dez mulheres já foram assediadas no LinkedIn. Destas, 31% revelaram receber mensagens com propostas para encontros românticos ou sexuais, e 43% relataram que já tentaram flertar com elas. Quase um quarto das participantes disse que recebe esse tipo de mensagem diariamente ou em dias alternados. Assim como ocorre nos espaços laborativos presenciais, na internet há uma repetição de abordagens e comentários sobre a aparência e o corpo feminino.

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O problema é que esse tipo de situação coloca talentos femininos em desvantagem no mercado de trabalho. Somos comumente questionadas sobre nossas capacidades e conquistas, temos nossa competência contestada em circunstâncias que homens não teriam. Como consequência, passamos a duvidar de nós mesmas em um ciclo que baixa a autoestima, aumenta a síndrome de impostora e diminui nossos resultados.

Com o objetivo de denunciar esse tipo de comportamento, as usuárias relatam casos de assédio na rede, usando a hashtag “#LinkedInnãoéTinder”. O objetivo é alertar sobre investidas inapropriadas e manifestar insatisfação com tais atitudes. A rede combate esse tipo de ação e oferece meios onde as usuárias podem acusar o assédio. Mas a verdade é que o LinkedIn reproduz o que vemos, diariamente, no mundo real. É por causa de uma cultura onde as mulheres são, sistematicamente, reduzidas e desrespeitadas.

Ainda há um longo caminho para percorrer e garantir que o assédio passe longe das mulheres no mundo virtual e fora dele. Esse trajeto pode diminuir, só que para isso, é preciso um compromisso de todos nós com a diversidade e a equidade.

Opinião por Camila Farani
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