“Para as mulheres que persistem: continuem difíceis”.
A dedicatória do livro “Mulheres Invisíveis”, da inglesa Caroline Criado Pérez, me impactou em cheio em uma semana em que vi tantas mulheres saindo em defesa do direito de ocuparem espaços. É preciso falar sobre mulheres invisíveis. E isso não significa travar uma batalha entre mulheres e homens. Pelo contrário, precisamos de mais homens como aliados. E, claro, de mulheres que persistem.
Persistem, apesar de receberem remuneração 22% menor do que os homens que desempenham as mesmas funções, com mesma escolaridade e experiência. Persistem, apesar de ocuparem 38% dos cargos de liderança no Brasil e 43% do quadro de funcionários e funcionárias das empresas. Mas estamos no jogo. A julgar por esse dado: mulheres têm as melhores avaliações dos times, segundo a FIA Business School. Se ainda duvida, aqui vai outro dado: 79% das equipes confiam plenamente em suas CEOs mulheres.
O fato de sermos mulheres não deveria ser uma limitação, e sim uma força. Sei que não é fácil. Ainda hoje, por vezes, sou a única mulher da sala. A única sócia. A única palestrante. A única CEO. Achou repetitivo? Sugiro que tente calçar os meus sapatos. Cada vez que uma mulher ocupa esse espaço, ela carrega consigo não apenas suas próprias metas, mas a responsabilidade de abrir caminho para outras que virão depois.
Nunca se falou tanto sobre empreendedorismo feminino. Embora as mulheres representem metade dos novos negócios no Brasil e estejam, pela primeira vez, liderando mais de 10% das empresas da Fortune 500, esses números também revelam a necessidade de continuar desafiando barreiras estruturais e culturais. O cenário de negócios ainda impõe desafios únicos às mulheres, como a falta de acesso a redes de financiamento e estereótipos persistentes. O verdadeiro avanço virá quando esses números deixarem de ser notícia e passarem a ser uma constante, refletindo um ambiente empresarial onde o gênero não define oportunidades, mas sim a competência e a visão.
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A verdade é essa, mulheres: o caminho ainda é longo para a igualdade de oportunidades. Para o fim dos vieses que nos atravessam. Para que a gente não precise ser chamada de “guerreira” o tempo todo. É sobre ser o que cada uma quiser ser. Porque ser uma mulher CEO – ou a líder que ela quiser ser – não é uma questão de permissão. É uma questão de escolha. E essa escolha é nossa. Seguimos persistindo.
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