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Investidora e presidente da G2 Capital, uma boutique de investimento em startups. Escreve mensalmente às terças

Opinião | Segurança cibernética e respeito à privacidade viram oportunidade de lucro para empresas

Ética, transparência e tecnologia na proteção de dados podem impulsionar companhias que se adaptarem às novas normas

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Foto do author Camila Farani

Você acredita que a segurança dos seus dados é apenas uma questão de protocolo? Pense de novo. Em um mundo onde a inteligência artificial (IA) está em toda parte, ignorar as letras miúdas dos contratos assinados é receita para desastre.

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Aqui está o jogo: quanto mais informações uma empresa tem sobre você, maior a capacidade de ela “adivinhar” seus desejos e, consequentemente, obter lucros. Parece conveniente, certo? Mas o problema começa quando seus dados são compartilhados e vendidos sem o seu consentimento.

Exemplos disso estão por toda parte. A boa notícia é que também existe o outro lado da moeda: empresas dispostas a proteger os seus dados.

A Apple, por exemplo, é uma empresa que, nos últimos anos, tem investido pesado em campanhas sobre segurança cibernética. Isso porque a gigante da tecnologia entende que proteger os dados de seus usuários é uma mina de ouro diante de um cenário apagões cibernéticos e manipulação de dados sem permissão concedidas.

Apple é um dos maiores exemplos de companhias que adotam a privacidade como modelo de negócio Foto: Divulgação/Apple

Apagão da CrowdStrike gera receios nos negócios: o apagão cibernético, que aconteceu no mês de julho, causou um prejuízo aproximado de US$ 5,4 bilhões. O setor de saúde lidera as perdas com US$ 1,94 bilhões, seguido pelas instituições financeiras (US$ 1,15 bilhões) e companhias aéreas (US$ 860 milhões). O incidente foi causado por um bug no sistema de controle de qualidade da CrowdStrike - e afetou 8,5 milhões de computadores com Windows no mundo todo.

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As entrelinhas da (in)segurança: o X (antigo Twitter) ativou uma configuração padrão que coleta dados dos usuários para treinar seu chatbot de IA, o Grok, sem permissão explícita dos usuários, conforme denúncias.

A Meta também tentou uma abordagem semelhante no Brasil, mas foi obrigada a interromper a coleta de dados pela Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) e atualmente pode enfrentar uma multa diária de R$ 50 mil se usar postagens e fotos em modelos de IA generativa.

O resumo da ópera consiste nesse contexto em que a ética na utilização da IA e a responsabilidade na gestão de dados pessoais tornam-se pilares essenciais para a construção de um ambiente digital mais seguro e confiável.

A empresa que entender esse movimento vai lucrar com a verdadeira segurança cibernética, em que a combinação de tecnologia robusta, transparência e uma ética empresarial priorizam a privacidade e a proteção dos dados.

Opinião por Camila Farani
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