Com animais, surgem obras ‘com vontade própria’

PUBLICIDADE

Por redacao

Após experimentações com tecnologias digitais desde os anos 80, o artista Eduardo Kac agora centra seu foco em uma arte não menos exótica: a bioarte, que interage com seres vivos. O nome dado para obras que se valem de coelhos e microorganismos foi cunhado em 1997. Kac é um dos pioneiros e, segundo ele, esses trabalhos trazem uma diferença principal em relação a, por exemplo, estátuas do museu: "Eles são literalmente vivos, têm interesse próprio." Um dos exemplos dessa arte "com vida" está na sua produção mais recente, que chama de biotopo. É uma espécie de quadro, em que, numa moldura de metal, Kac coloca terra e microorganismos vivos. Regados com água periodicamente, esses microorganismos vão mudando de formato com o tempo e modificam a obra por conta própria. Kac também já utilizou animais como meios para produzir a sua bioarte. Em 2000, uma obra do artista tornou os pêlos de uma coelha verdes na presença de luz azul. Para tanto, o animal recebeu uma proteína encontrada em algas marinhas chamada Proteína Fluorescente Verde (GFP, na sigla em inglês). A coelha, chamada Alba, ficaria exposta durante uma semana e depois iria para a casa do artista. Só que houve polêmica. O laboratório francês que aplicou a tal proteína proibiu a exposição da obra. Kac fez então um protesto pela internet para liberar a coelha, noticiado por jornais do mundo inteiro, inclusive brasileiros. A coelha não foi liberada, mas Kac montou, então, uma exposição com recortes de jornais que documentaram o caso. "A bioarte ainda não está assimilada. É uma coisa mais orgânica. Juntando um coelho e a alga, o artista cria uma nova forma de vida, que é o resultado de sua imaginação", diz. "Acredito que no futuro ela irá se tornar tão comum como a escultura e a videoarte." R.M.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.