Um dos principais nomes globais no segmento de patinetes elétricos, a americana Lime iniciou operações no Brasil nesta terça, 2 - o pontapé inicial foi na cidade de São Paulo, onde os equipamentos estão disponíveis nas regiões de Pinheiros, Vila Olímpia, Itaim, Brooklin e Vila Nova Conceição. Na quinta, 4, as operações terão início no Rio de Janeiro, com equipamentos em praias da zona sul, no trecho Leme-Gávea, incluindo todo o Leblon, Copacabana e Ipanema.
O serviço terá preço similar aos praticados pela concorrência, como a Yellow e a Grin, ambas da empresa Grow: R$ 3 para destravar o equipamento e mais R$ 0,50 por minuto de utilização.
A apresentação, que contou com a presença do presidente global da empresa, Joe Kraus, foi centrada em segurança e no respeito à legislação local - a equipe da empresa vestia uma camiseta que dizia "Respeito, capacete e ciclovia".
A chegada da empresa ocorre no meio ao debate sobre a regulamentação de patinetes, que no final de maio resultou na apreensão de patinetes da Yellow e da Grin. A empresa diz que conversa com a prefeitura de São Paulo desde outubro de 2018 - com a prefeitura do Rio de Janeiro, as conversas ocorrem desde novembro de 2018. Entender a situação regulatória no País é o que fez atrasar o início do serviço no País, confirmou Kraus ao Estado.
"Tentamos trabalhar junto com os governos e respeitar as leis locais. Quando eramos uma companhia mais jovem, agíamos de forma diferente e esse não é o jeito de fazer as coisas", disse Kraus com exclusividade ao Estado. Ele diz que o modelo de regulação de patinetes elétricos é muito novo e que as cidades ainda não sabem o que fazer. Na tarde desta terça, o executivo tinha um encontro com o secretário de Governo da prefeitura Mauro Ricardo, o secretário de Mobilidade e Transportes Edson Caram, o secretário de de Justiça Rubens Rizek e o secretário de Subprefeituras Alexandre Modonezi.
No passado, a Lime foi proibida de operar em diferentes cidades do mundo, incluindo São Francisco, (EUA), um dos berços da onda dos patinetes elétricos.A empresa não revela, por considerar a informação estratégica, o número de patinetes que serão trazidos ao País e nem qual é a sua expectativa de lucro em relação ao mercado brasileiro.
Dinheiro para quem recolhe patinetes
A companhia vai trazer para o Brasil o modelo de remuneração para pessoas comuns que recolhem, carregam e distribuem os patinetes no dia seguinte. Chamados de juicers, eles são uma espécie de motoristas de Uber: trabalham quando querem e são pagos proporcionalmente.
A empresa diz que recrutará os primeiros profissionais por meio de anúncios, e, posteriormente, espera que os próprios usuários da Lime acabem se tornando juicers. A remuneração será feita de acordo com o volume, distância e dificuldade para o recolhimento dos equipamentos. Em alguns países, mais de 90% dos patinetes da Lime são recolhidos por profissionais independentes.
"Se fizermos isso de maneira correta, muitos lados ganham: usuários, cidades e a economia local", disse o executivo.
Conversas com o Uber
Um dos principais investidores da Lime é o Uber, que no ano passado fez um aporte de US$ 335 milhões - a Lime está avaliada em US$ 2,4 bilhões. Uma pista do que pode ocorrer no futuro é que nesta segunda, 1, o app do Uber passou a oferecer patinetes da Lime em duas cidades nos EUA, Atlanta e San Diego. Em outros locais também existem parcerias entre as duas empresa.
Embora ressalte que o mais importante seja botar a operação brasileira para funcionar, Kraus confirma que há conversas para uma possível parceria no País. "Entendo que o Brasil é parte crítica para o negócio do Uber. Há conversas sobre uma possível integração, mas primeiro queremos ativar a operação brasileira. Depois disso, acredito que haverá oportunidades".
Enquanto isso, a companhia já iniciou uma parceria com o Google, que mostra os patinetes da companhia dentro da função de rotas do Google Maps. Os equipamentos também serão oferecidos nos prédios da startup de espaços compartilhados WeWork.
Em relação aos competidores locais, Kraus diz que eles não afetam as operações da Lime. "Os rivais locais nos confirmaram aquilo que acreditamos: cidades gigantes como São Paulo e Rio têm demanda por microbilidade e uma população interessada por tecnologia", diz. "Os competidores agem diferentemente da gente, que acreditamos no respeito à legislação local".
Campanha de segurança
O foco em segurança nesse primeiro momento da companhia tem razão: segundo a Lime, 33% dos acidentes ocorrem na primeira viagem. Para isso, a Lime inicia as operações com campanhas de segurança divididas de três maneiras: tutoriais e quizzes em redes sociais, parcerias com ONGs e o setor privado e treinamentos oferecidos em espaços públicos. Neste sábado, 6, ocorrerá o primeiro treinamento, que acontecerá gratuitamente no Largo da Batata, em Pinheiros. As inscrições podem ser feitas pelo Sympla.
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