A principal pesquisa sobre internet no Brasil, o TIC Domicílios, foi divulgada nesta quinta-feira, 31. O estudo mostrou que, em 20 anos, houve um grande aumento sobre o acesso à internet nas residências do Brasil, saltando de 13% para 85% dos lares conectados em duas décadas.
Medidos desde 2005, os dados coletados pelo Centro Regional de Estudos para Desenvolvimento da Sociedade da Informação (Cetic.br) mostram que 159 milhões de brasileiros acessaram a internet em 2024, o que representa quase 85% da população.
No ‘conceito ampliado’, que significa pessoas que declararam não acessar a internet, mas utilizaram aplicativos que exigem conexão, o número passa para 166 milhões de pessoas.
Entretanto, detalhes do estudo mostram que, apesar do crescimento, a qualidade do acesso ainda é desigual para diferentes perfis de brasileiros, com apenas 22% da população com conectividade significativa. Ou seja, nível de qualidade de internet que permite um bom aproveitamento do ambiente digital.
Para Fabio Storino, coordenador da TIC Domicílios, a pesquisa demonstra a desigualdade presente mesmo entre os que já acessam a internet.
“Considerando fatores como a velocidade da conexão, acesso por um dispositivo próprio, uso diário e em múltiplos locais, preço acessível e outros, a pesquisa mostra que apenas 22% dos indivíduos com 10 anos ou mais possuem um nível de conectividade mais significativo”, disse ao Estadão.
Mudança no padrão de acesso à internet
O levantamento também comparou dados sobre a forma em que os brasileiros acessam a internet. A pesquisa foi realizada com base em números de 2008 e de 2024.
Em 2008, apenas 42% do acesso à internet era feito nas casas. Em 2024, esse número é de 98%. Em contrapartida, houve uma diminuição na frequência de ‘centros pagos’, como as lan houses. Em 2008, o número era de 48%, hoje em dia, apenas 7%.
Há 16 anos, apenas 18% dos domicílios brasileiros tinham acesso à internet. Atualmente, o número é de 83%.
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Perfil dos usuários de internet no Brasil
A pesquisa apontou um dado sobre igualdade de gênero, mostrando que 85% da população masculina tem acesso a internet e 84% da população feminina também.
Apesar disso, Storino destacou um ponto importante sobre como a questão como grupos raciais e sociais influenciam o nível e a qualidade do acesso aos serviços online.
“Mulheres, pessoas pretas ou pardas, que residem no Norte ou Nordeste do País e os pertencentes às classes C e DE ainda possuem uma conectividade de pior qualidade em relação a homens, pessoas brancas, do Sul e Sudeste e das classes A e B. E essas piores condições de acesso, também revelam os dados da pesquisa, estão associadas à realização de um conjunto menor de atividades online e à presença de menos habilidades digitais”, diz.
Os maiores índices de usuários de internet no Brasil estão na região Sul, com 90%, e no Sudeste, com 85%.
Nesse contexto, a faixa etária mais conectada são os jovens de 16 a 24 anos, representando 95%. Depois deles, o grupo de 25 a 34 anos, apontado 92%. Em contrapartida, os que estão mais offline são os brasileiros de 60 anos ou mais, marcando 59%.
“Para além do desafio da universalização, portanto, também é preciso atenção para as questões de equidade desse acesso”, diz Storino.
Habilidades digitais
Outro ponto mapeado pela pesquisa são os das habilidades digitais, ou seja, apesar de cerca de 159 milhões de brasileiros estarem online, quantos desses sabem conviver no ambiente digital? Além de ter conhecimento sobre como utilizar os recursos, o estudo analisa como as pessoas se protegem de perigos virtuais.
Segundo a pesquisa, em 2024, apenas 52% dos usuários verificaram se a informação vista na internet era verdadeira. Esse número acompanha a parcela de pessoas que adotaram medidas de proteção para proteger dispositivos e contas: 48%. E o número mais baixo em relação a essas ações está na mudança de configurações de privacidade para limitar compartilhamento de dados, com apenas 38% dos usuários.
O TIC Domicílios também registrou que 46% dos usuários de internet compraram produtos e serviços online em 2024, totalizando 73 milhões de pessoas.
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