Brasil foi alvo de 88,5 bilhões de ataques hacker em 2021, diz Fortinet

País foi o segundo mais visado na América Latina, com crescimento de mais de dez vezes na comparação com 2020

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:
Ano de 2021 foi pautado por discussões sobre cibersegurança, com aumento de ataques hacker Foto: Pixabay

O Brasil recebeu 88,5 bilhões de tentativas de ataques cibernéticos durante todo o ano de 2021, alta de 950% na comparação com 2020, adianta ao Estadão a companhia de cibersegurança Fortinet, que publica um levantamento trimestral sobre o setor. O número reforça o cenário de atenção para vulnerabilidades no meio digital, que ganhou nova importância desde a pandemia de covid.

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O País foi o segundo alvo mais visado pelos criminosos, atrás do México, que somou 156 bilhões de ataques. Peru, Colômbia e Chile vêm na sequência, com 11,5 bilhões, 11,2 bilhões e 9,4 bilhões, respectivamente. No total, a América Latina soma 289 bilhões de ataques hacker, alta de 600% em relação a 2020.

A distribuição de programas maliciosos (malware) foi a forma mais comum para os ataques, segundo a Fortinet. A infecção ocorre por meio de cliques em propaganda enganosa, acesso a sites falsos e por campanhas de phishing (quando informações são extraídas por meio de formulário falso).

Além disso, problemas acelerados na pandemia continuaram, afirma a empresa. O maior deles é o home office, em que empresas levaram funcionários das protegidas redes corporativas para a internet caseira, muitas vezes sem a segurança necessária. O relatório destaca o crescimento de ataques do tipo Remote Code Execution (RCE), em que aparelhos de casas conectadas (IoT) são alvo preferencial — deixando vulnerabilidades em câmeras, fechaduras e lâmpadas inteligentes.

“Os criminosos não vão parar de explorar esses ambientes para obterem acesso a redes corporativas. É por isso que continuam os ataques a dispositivos de IoT e a recursos vulneráveis utilizados em reuniões e aulas, como câmeras e microfones”, declara em nota Alexandre Bonatti, diretor de engenharia da Fortinet no Brasil.

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'DDoS'

O Brasil foi líder no continente no ataque DDoS (Distributed Denial of Service, na sigla em inglês), que diz respeito a ofensivas conjuntas para sobrecarregar o servidor de um site até que ele saia do ar.

O País foi alvo de 500 bilhões de tentativas de DDoS. Parte desse número vem de um ataque conjunto efetuado em julho de 2021, quando dispositivos IoT ficaram vulneráveis na maior ofensiva já registrada nessa categoria. Segundo a Fortinet, a rede de robôs Mirai (maior  “gangue” virtual em operação no continente) chegou a realizar ataques 1,2 terabits por segundo (Tbps). “É um volume enorme e poucos ataques chegaram nessa proporção nos últimos 10 anos”, explica Bonatti.

Cibersegurança ganhou força em 2021

O ano de 2021 foi marcado por ataques a empresas e por vazamentos de dados pessoais, com especialistas em privacidade ressaltando a importância de proteger as redes de conexão e modificar senhas de contas online.

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Em janeiro do ano passado, informações de 223 milhões de CPFs foram expostas na internet, no que é considerado até então o maior vazamento de dados na história do Brasil. Com esses dados expostos, hackers podem forjar perfis falsos e até clonar cartões.

Além disso, o ransomware (invasão a sistemas corporativos e o sequestro dessas informações até que a empresa pague para recuperar esses dados) tornou-se mais popular. Entre os casos do ano passado, a Renner, JBS, Fleury e Protege foram alguns dos maiores alvos.

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