Brasileiros da IA: Carlos Guestrin já vendeu empresa para a Apple e recebeu medalha de Obama

Pesquisador é, atualmente, membro do departamento de ciência da computação na Universidade Stanford, nos EUA

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Foto do author Bruna Arimathea

Carlos Guestrin, 48, é uma das figuras brasileiras mais influentes no cenário da inteligência artificial (IA) fora do País. Ganhador de um dos prêmios mais importantes de jovens cientistas nos Estados Unidos, Guestrin alterna a carreira entre os estudos e a vida de empreendedor — e já vendeu até uma empresa de IA para a Apple.

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Atual professor da Universidade Stanford, Guestrin é como ex-tenista Fernando Meligeni: nascido na Argentina e criado no Brasil, o que faz dele um candidato legítimo para esta reportagem. Ele se formou em engenharia mecatrônica pela Universidade de São Paulo (USP) e trabalha com aprendizado de máquinas desde o início dos anos 2000.

A trajetória dele passa tanto pela academia quanto pelo mundo dos negócios. Após concluir mestrado e doutorado pela Universidade Stanford, Guestrin foi professor na área de machine learning nas Universidade de Carnegie Mellon e Universidade de Washington, retornando para Stanford em 2021 como membro do departamento de ciência da computação.

Após a venda da Turi, em 2016, Guestrin se tornou diretor sênior de aprendizado de máquina e IA da Apple Foto: Estadão

A maior parte da pesquisa de Guestrin passou pela área de aprendizado de máquina, na qual trabalhou com tomada de decisões e com a interpretabilidade de algoritmos de IA. A área busca entender os critérios que levaram uma IA a escolher determinados parâmetros para um resultado específico. Um dos exemplos de uso da tecnologia é entender os motivos pelos quais um algoritmo aprova ou reprova uma análise de crédito, por exemplo.

“Ele tem contribuições que são usadas na prática mesmo. Muita gente usa e são coisas muito sólidas, então ele é um cara muito conhecido por isso. Tem uma trajetória acadêmica forte, mas as contribuições dele são coisas que se aplicam na prática mesmo”, afirma ao Estadão Fabio Cozman, atual diretor do centro de inteligência artificial da USP e professor de Guestrin na faculdade.

Enquanto trabalhava em projetos de pesquisa acadêmica, Guestrin fundou a Turi, empresa que oferece uma plataforma para desenvolvedores e cientistas de dados criarem e implantarem aplicativos inteligentes, como algoritmos de recomendação.

A startup foi criada em 2013 e vendida para a Apple em 2016 por US$ 200 milhões, quando Guestrin se tornou diretor sênior de aprendizado de máquina e IA da companhia californiana.

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Guestrin também é ganhador do Prêmio Presidencial para Cientistas e Engenheiros em Início de Carreira (PECASE) - a maior honraria concedida pelo governo dos EUA a cientistas e engenheiros em início de carreira independente. Na época, em 2009, Guestrin era professor da universidade Carnegie Mellon e recebeu o prêmio do ex-presidente dos EUA Barack Obama.

“Desde a graduação, quando ele era aluno, sempre teve muita clareza sobre a necessidade das tecnologias serem aplicadas. Ele se perguntava ‘qual é o problema?’ e procurava uma solução que resolva aquele problema prático. É um pouco da visão dele”, explica Cozman.

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