Brasileiros na IA: Ana Bazzan, uma das pioneiras da tecnologia, quer mudar o trânsito com algoritmos

A cientista é otimista quanto a aplicabilidade das novas IAs e acredita que a revolução da área veio para ficar

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Foto do author Bruna Arimathea
Atualização:

Formada em engenharia pela USP em 1984, Ana Bazzan é uma das cientistas mulheres pioneiras do estudo da Inteligência artificial (IA) no Brasil, com atuação na área desde os anos 1990, bem antes de a tecnologia cair no gosto das pessoas. A pesquisadora também tem mestrado em computação pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul e doutorado pela Karlsruher Institut für Technologie, da Alemanha.

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Durante sua carreira acadêmica, Ana vem trabalhando com IA distribuída, área que atua com aprendizado e tomada de decisão, principalmente com pesquisas na área de sistemas multi-agentes.

O sistema multi-agente é uma área da IA que trabalha com fatores autônomos onde cada um tem um objetivo dentro do resultado final. O modelo é utilizado para determinar situações simuladas. É como uma banda: o vocalista e o baterista têm funções diferentes, mas a música não fica completa se um dos dois não estiver presente. Ao mesmo tempo, um arranjo diferente ou um acréscimo de batida faz com que a música final seja um pouco — ou muito — diferente da original.

Ana Bazzan é professora e pesquisadora da UFRGS Foto: Estadão

No caso do estudo de Ana, essa metodologia com IA foi usada para simular sistemas de gerenciamento de vias de locomoção. Por meio de algoritmos, um dos objetivos da sua pesquisa era testar diversos cenários para o funcionamento autônomo de um semáforo, por exemplo.

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A ideia era ter uma “autogestão”: a partir da identificação do tráfego, do volume de carros e da demanda de pedestre nas vias, o semáforo poderia aprender qual o tempo necessário para acionar o sinal vermelho ou o verde — e esse tempo poderia variar a partir da necessidade da hora do dia, sem que um controle manual fosse preciso.

A carreira de Ana também a levou para trabalhos em IA na área de genômica, onde a professora usa o sistema multi-agente para anotações automáticas de proteína e comparação de genes. Atualmente, a professora cursa faculdade de História para levar pesquisas com a tecnologia para um campo cada vez mais humano.

Segundo Ana, o “boom” recente de ferramentas da IA e o aumento do interesse pela área já tem trazido um número grande de pessoas para o setor — e, consequentemente, aumentando a quantidade de produção científica e prática do assunto. Mesmo se considerando cética, a cientista é otimista quanto a aplicabilidade das novas IAs e acredita que a revolução da área veio para ficar.

“As técnicas de IA são bastante eficientes, então você realmente está conseguindo ver muita coisa nova e que não é só moda. Estou otimista, acho que tem muita gente trabalhando nisso, a área atraiu muita gente, então alguma coisa vai dar certo”, diz.

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