Brasileiros na IA: Daniel de Freitas é o primeiro bilionário e maior estrela do segmento no País

Fundador da Character AI estava perfeitamente posicionado para a onda de transformação de chatbots inteligentes

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Foto do author Bruno Romani
Atualização:

O paulista Daniel de Freitas, 33, é o principal nome da inteligência artificial (IA) do Brasil em 2023. Ele se tornou o primeiro bilionário do segmento no País justamente por trabalhar com o braço mais popular da tecnologia no ano: chatbots inteligentes treinados a partir de grandes modelos de linguagem (LLMs).

A Character AI, startup fundada por ele em novembro de 2021, desenvolve chatbots capazes de “imitar” personalidades de notáveis, como Albert Einstein e Barack Obama - e recebeu um aporte de US$ 150 milhões em março deste ano, o que alçou a companhia ao status de “unicórnio (avaliada acima de US$ 1 bilhão). E o mercado já indica um novo aporte que pode fazer a avaliação da startup chegar a valer US$ 6 bilhões, um dos crescimentos mais rápidos já registrados entre empreendedores do País.

Daniel de Freitas é fundador de candidata à "próxima OpenAI" Foto: Estadão

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“Ele está vivendo o sonho da vida dele”, diz ao Estadão um amigo que esteve com Freitas recentemente na sede da companhia, um sobrado em Palo Alto, Califórnia, perto dos prédios de gigantes da tecnologia, como o Google. Não é apenas um sonho empresarial. O atual momento da IA, impulsionado pelo ChatGPT, é a realização de um sonho de infância.

Descrito como “nerd” pelos amigos - e mais chegado a jogar videogames e a tocar piano do que a frequentar festas nos tempos de faculdade -, Freitas imaginou chatbots inteligentes ainda na infância, mas as limitações tecnológicas da época não permitiram avançar. Quando chegou à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (Poli-USP) em 2007, ele decidiu cursar engenharia elétrica - o gosto por dar cérebros às máquinas, porém, persistia.

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O trabalho de conclusão de curso em autonomia robótica, que tentava fazer um robô reconhecer o ambiente de um hospital a partir de lâmpadas acesas nos corredores para a entrega de medicamentos, foi escolhido como um dos melhores da Poli-USP em 2011.

Em vez de seguir o caminho da academia no Brasil, algo comum para perfis como os dele, logo ele arrumou um emprego na Microsoft nos EUA e nunca mais voltou para o País. Os amigos dizem que ele “não tem saudades” e que a família costuma viajar para visitá-lo - e não o contrário. Depois de quatro anos na empresa fundada por Bill Gates, ele foi procurado por uma recrutadora do Google, o que se mostrou um movimento decisivo para ele.

Lá, ele descobriu as pesquisas em grandes modelos de linguagem e se tornou amigo de Noam Shazeer, um dos oito coautores do artigo científico que deu origem ao Transformer, arquitetura de IA que revolucionou a área em 2017 e permitiu a existência do ChatGPT.

No Google, Freitas liderou o desenvolvimento do LaMDA, o sistema de IA que levou Blake Lemoine, na época também engenheiro da companhia, a acreditar que a máquina havia desenvolvido consciência - posteriormente, ele foi demitido. A reação de Lemoine foi a materialização de um dos temores do Google em relação à tecnologia e motivou a empresa a manter chatbots inteligentes fora do alcance de um grande público.

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Não é possível saber o quanto essas restrições motivaram Freitas e Shazeer a saírem da gigante, mas, meses antes do caso Lemoine, que aconteceu em junho de 2022, a dupla deixou o Google para tentar popularizar a sua tecnologia. Isso permitiu que a Character AI estivesse perfeitamente posicionada para a grande onda da IA que se aproximava - os primeiros chatbots da startup foram tornados públicos em setembro de 2022.

Assim, a Character AI passou a chamar a atenção logo após o ChatGPT estourar. Além dos aportes, a startup agora mantém uma parceria com a Amazon para turbinar a assistente de voz Alexa. Para muitos, o paulista de São Bernardo do Campo comanda uma das mais fortes candidatas globais à “próxima OpenAI”.

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