Brasileiros na IA: Hugo Morales recebeu apoio de Bill Gates para modernizar a saúde

Fundador da Munai defende que IA vai mudar os processos de medicina no futuro

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Foto do author Bruna Arimathea
Atualização:

Apesar de soar futurista em muitos momentos, a inteligência artificial (IA) já consegue mudar áreas de necessidades mais urgentes, como medicina. Foi esse pensamento que levou Hugo Morales a criar a Munai, empresa que usa IA para organizar informações de saúde de hospitais para monitoramento mais eficaz dos pacientes.

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Médico infectologista, Morales é formado em medicina pelo Mackenzie, com residência no Hospital das Clínicas de São Paulo e, posteriormente, formado no programa de Segurança, Qualidade, Informática e Liderança da Harvard Medical School. Foi durante as rondas hospitalares — quando os médicos visitam os leitos para checar o estado dos pacientes — que Morales percebeu que as informações de prontuário estavam espalhadas: a aferição de sinais vitais estava ali, por exemplo, mas resultados de exames não.

A partir disso, Morales criou a Munai, em 2019, que é uma espécie de IA ‘junta-tudo’ dos hospitais: o software da empresa reúne e cruza as informações de saúde dos pacientes e consegue fazer uma estimativa de ocorrência das próximas horas. Assim, é possível determinar, via IA, se um paciente tem possibilidade de sofrer uma piora clínica. Com isso, médicos podem tomar precauções para evitar problemas em seu quadro de saúde.

Hugo Morales é cofundador da startup Munai Foto: Estadão

Além disso, a empresa também criou um chatbot de IA que lê diversos documentos de prescrição e de protocolos de remédios para tirar dúvidas dos médicos. De acordo com Morales, a ferramenta ajuda quem está na linha de frente em situações onde é necessária alguma consulta rápida de dados sobre o assunto. Com esse projeto, a startup foi selecionada, em agosto, pela Fundação Bill e Melinda Gates para um programa de aceleração no uso de IA generativa na saúde.

Antes disso, em 2020, a empresa ainda levantou R$ 10 milhões em rodada de investimento semente, dedicada a startups em estágio inicial. Agora, a companhia afirma que está negociando uma extensão desse aporte para ser anunciado no final deste ano, com objetivo de ganhar escala.

Morales acredita, principalmente, no potencial dos modelos amplos de linguagem (LLM, na sigla em inglês). São esses modelos que interpretam e simulam aspectos da conversação humana por meio de algoritmos. Para ele, com a tecnologia será possível desenvolver novos produtos e novas proteínas, além de ser uma ferramenta para testar várias hipóteses em ambientes sem risco para a saúde de pacientes.

Em um País com tantas demandas médicas como o Brasil, o médico acredita que o desenvolvimento de IA pode ser fundamental. “Ainda temos muito a amadurecer, mas já temos uma autoridade digital que permite que tenhamos esse crescimento junto com a onda (de IA)”, diz.

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