Brasileiros na IA: Teresa Ludermir é matriarca das redes neurais e ativista da IA responsável

Pesquisadora é condecorada com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico

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Foto do author Bruna Arimathea
Atualização:

Um dos nomes mais importantes da inteligência artificial (IA) no País é o de Teresa Ludermir, professora e pesquisadora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Com mais de 40 anos na área, Teresa é especialista em redes neurais e aprendizado de máquina e faz parte de um projeto que visa promover o uso da tecnologia de forma responsável.

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Teresa é graduada e mestre em ciência da computação pela UFPE, e possui doutorado na área pela Imperial College of London, da Inglaterra. Já em 1986, a pesquisadora trabalhava com estudos na área de redes neurais, sistemas que usam algoritmos para tentar simular as mesmas capacidades de um cérebro humano.

Condecorada com a medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, concedida pelo Governo Federal, Teresa trabalha, atualmente, com uma técnica chamada aprendizado por reforço. No estudo, o laboratório da pesquisadora tenta selecionar os parâmetros mais eficazes para determinada atividade de IA — com algoritmos, o caminho para receber uma resposta em texto, por exemplo, pode passar por uma combinação quase infinita de dados. A ideia é diminuir essas possibilidades para eliminar as menos eficientes.

Um dos trabalhos de Teresa é dedicado à IA responsável  Foto: Estadao

Por meio de aprendizado de máquina automático, algoritmos fazem uma espécie de pré-processamento dos dados para entender quais parâmetros devem ser considerados e quais podem ser eliminados na hora de construir um produto ou um software.

A pesquisadora também trabalha com uma linha de atuação chamada inteligência artificial responsável. O movimento procura tirar vieses da IA em diversas áreas, como médica e bancária (como nas análises de crédito, por exemplo).

Com isso, o objetivo é identificar quais fatores os algoritmos estão reconhecendo como padrão e, caso a resposta seja enviesada, submeter a tecnologia a novos dados de treinamento para melhorar o algoritmo. A ideia é ter eliminar máquinas racistas, homofóbicas ou discriminatórias em relação a qualquer grupo.

Claro, a professora também estuda os impactos ambientais e sociais que a IA pode ter.

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“A gente tem que ter a preocupação de que esses sistemas não façam mal à sociedade. A IA consome uma quantidade enorme de energia para ser treinada, por exemplo, então se você faz esse uso irresponsável da energia, vai danificar o ambiente. Mas eu não tenho a menor dúvida de que a inteligência artificial está e continuará trazendo inúmeros benefícios”, afirma.

Na visão de Teresa, a IA atingiu um patamar muito mais alto nos últimos anos e se tornou indispensável na vida das pessoas. Para o futuro, o uso cada vez mais amplo e uma consciência de sustentabilidade da tecnologia devem fazer com que a IA seja um marco na sociedade. “É como foi a eletricidade. Uma vez que ela foi inventada, ninguém mais viveu sem. Se ela acabar, todo mundo sente falta”, diz.

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