O ChatGPT foi lançado ao público em 30 de novembro do ano passado e, desde então, vem chamando a atenção por sua capacidade em gerar conteúdos em texto - em poucos dias, o serviço atingiu 1 milhão de usuários. A inteligência artificial (IA) do serviço ainda está em fase de treinamento, mas já é possível obter textos complexos e quase sem erros gramaticais em diferentes idiomas, incluindo o português.
A capacidade do serviço de não apenas escrever bem, como oferecer respostas para diferentes tipos de perguntas é motivo de alerta para o Google, que deve anunciar em breve um contra-ataque. Nesta segunda, 23, a Microsoft confirmou um investimento bilionário na empresa do ChatGPT para, entre outras coisas, incluir o ChatGPT no buscador Bing.
A velocidade com que o ChatGPT se tornou o principal nome do noticiário de tecnologia nos últimos dois meses deixou algumas dúvidas básicas. Confira a seguir as dúvidas mais comuns sobre o serviço.
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O que é ChatGPT?
ChatGPT é um sistema de chatbot especializado em criação de textos, criado pela empresa OpenAI, criada por Elon Musk (ele deixou a companhia em 2015). O sistema é um exemplo de inteligência artificial generativa, modelos de algoritmos capazes de criar conteúdo original, como textos e imagens, a partir de simples comandos de texto. Isso inaugurou uma nova era no campo de IA, que vê agora os algoritmos criarem informações e vez de apenas consumi-las.
O ChatGPT utiliza o GPT (abreviatura de Generative Pre-trained Transformer), modelo de linguagem também da OpenAI treinado em grandes conjuntos de dados de texto e capaz de gerar textos coerentes e completos - a terceira geração do modelo, o GPT-3 já havia chamado a atenção por sua capacidade.
Para ser capaz de realizar todas essas funções, o GPT-3 foi treinada com milhões de textos, que vão de artigos no Wikipédia a posts em redes sociais - ao final, o sistema tinha registrado 175 bilhões de parâmetros (representações matemáticas de padrões e tipos de texto).
O ChatGPT utiliza uma versão atualizada deste “cérebro”, o GPT-3.5, mas o seu principal avanço foi disponibilizar uma interface simples, na qual os usuários conseguem manter interações objetivas e simples com a máquina por meio de uma janela de chat. Ao dispensar qualquer necessidade de programação ou conhecimento técnico, o ChatGPT democratiza o alcance da tecnologia.
Como usar o ChatGPT?
Para usar o ChatGPT, basta acessar o site da OpenAI e se cadastrar com o seu e-mail. Ao finalizar o cadastro, a página vai carregar automaticamente para a página do ChatGPT, onde é possível acessar o serviço (bem como um tutorial de como utilizá-lo).
Ao acessar o chat, é possível formular frases de comando simples para que a IA produza o conteúdo - é possível fazer tudo em português. Por exemplo: é possível pedir “prepare um roteiro de viagem em Paris no verão” ou “organize tópicos com dicas para deixar a casa mais confortável”.
Caso o resultado ainda não estejam do jeito desejado, vale formular e enviar mais frases de comando durante o diálogo para refinar o conteúdo.
Quanto custa o ChatGPT?
Por estar em fase de testes, o ChatGPT é gratuito. Porém, é possível que exista uma versão cobrada, uma espécie de “ChatGPT Professional”. Alguns usuários relataram já terem se inscrito para essa nova versão. A nova versão teroa prioridade em novos recursos, respostas mais rápidas e um acesso mais estável no site.
Embora não esteja confirmada, a OpenAI afirmou no início do mês que já vem estudando vender uma versão premium da ferramenta para empresas. A ideia seria “garantir a viabilidade no longo prazo” do sistema.
O que o ChatGPT é capaz de fazer?
O sistema oferece, atualmente, 49 funções. A IA é capaz de gerar textos complexos sobre qualquer tema, além de gerar receitas, histórias, slogans, fazer resumos, realizar contas matemáticas, revisões gramaticais, traduções e até criar imagens.
Além da criação de conteúdo, o bate-papo com a inteligência artificial permite desenvolver uma conversa complexa com o sistema como se tivesse uma pessoa do outro lado da tela. A capacidade de dar respostas diretas, ao contrário de um índice com páginas indexadas, é o que surge como alerta para o Google.
Porém, há limitações na ferramenta. Ela foi treinada com dados que vão até o ano 2021 e, portanto, não é capaz de gerar conteúdos e de trazer respostas com informações atualizadas em tempo real. Além disso, o sistema ainda produz respostas incoerentes, que atropelam a lógica, e enviesadas, que reproduzem as preferências e inclinações dos dados usados no treinamento.
* Alice Labate é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani
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