THE WASHINGTON POST - Quando você pensa em criar um documento colaborativo para você e seus colegas, qual aplicativo vem à mente? Google Docs? Microsoft Word? Pois saiba que o Zoom também espera ser uma das principais opções.
A empresa, conhecida por seu serviço de videochamadas, lançou o Zoom Docs no começo de outubro, em sua conferência anual chamada Zoomtopia. O produto será equipado com o assistente de inteligência artificial (IA) do Zoom, o AI Companion, e outros recursos de IA que ajudarão os usuários a redigir, editar, resumir e alterar tons, além de incluir itens atas de reuniões. Ele também poderá responder a perguntas sobre o conteúdo do documento.
Os documentos compartilhados serão integrados à plataforma da Zoom para que os usuários possam trabalhar em um documento a partir de suas reuniões, bate-papo, desktop e aplicativos móveis. O produto estará disponível entre março e junho de 2024, e o Zoom disse que ainda está determinando os preços.
Recentemente, vários fabricantes de software corporativos adicionaram recursos de IA ao seu conjunto de aplicativos. Tanto o Google quanto a Microsoft estão desenvolvendo e aprimorando recursos de IA para ajudar a automatizar algumas tarefas, incluindo o rascunho e a edição no Google Docs e no Microsoft Word. Com seu produto de documentos a ser lançado em breve, o Zoom está aumentando sua concorrência com a Microsoft e o Google.
A companhia já tem produtos concorrentes para videoconferência, bate-papo e e-mail. Mas os dois gigantes dominam o mercado de aplicativos de criação de conteúdo no local de trabalho, e alguns especialistas dizem que seria necessária uma grande ruptura para mudar o aplicativo de documentos padrão dos funcionários.
“Alguma coisa teria que mudar fundamentalmente a natureza de como criamos conteúdo para derrubar o mercado”, disse Craig Roth, vice-presidente de pesquisa da Gartner. Substituir os dois líderes de mercado no espaço “é improvável em um futuro próximo”.
A Microsoft há muito tempo domina o mercado corporativo, que inclui aplicativos como processadores de texto, planilhas e apresentações, com uma participação de 83,5% em 2022, de acordo com dados da Gartner. O Google, que vem lentamente ganhando participação no mercado, detém 15,6%. E todos os outros fornecedores detêm menos de 1% do mercado.
O Zoom não está tão atrás quando se trata de aplicativos colaborativos, que incluem conferências pela web e ferramentas de eventos virtuais, de acordo com a empresa de inteligência de mercado IDC. No ano passado, a participação de mercado do Zoom foi de 11,2%, ficando atrás da Microsoft, com 29,7%, e do Google, com 13,5%.
O Zoom pode tentar aproveitar as massas que atraiu para seu produto de videoconferência para adotar sua ferramenta de processamento de texto. No final do segundo trimestre, encerrado em 31 de julho, a Zoom informou que tinha 218,1 mil clientes corporativos, o que representa um aumento de 7% em relação ao ano anterior. A empresa disse que o Zoom Docs tornará mais fácil para os funcionários colaborarem em um documento dentro dos produtos Zoom que já usam, para que não precisem alternar entre guias ou aplicativos.
Os usuários podem facilmente extrair informações das reuniões, chats, e-mails e ferramentas de gerenciamento de projetos da plataforma Zoom para seus documentos. Eles também podem criar layouts e fluxos de trabalho personalizados, marcar colegas em itens de ação, atribuir tarefas, rastrear e gerenciar projetos, vincular páginas e incorporá-las em uma árvore visual para que as pessoas possam ver como as informações estão conectadas. Espera-se também que os usuários possam arrastar e soltar blocos de conteúdo para adicionar tabelas, gráficos e imagens aos seus documentos.
Wayne Kurtzman, vice-presidente de pesquisa de redes sociais, comunidades e colaboração da IDC, disse que o Zoom não precisa deslocar os operadores históricos para ter sucesso nesse espaço. Ela só precisa oferecer um conjunto de recursos que funcionem e tornem os usuários mais produtivos.
“A forma como trabalhamos daqui a cinco ou sete anos será significativamente diferente do que fazemos hoje”, disse ele. “Isso abre oportunidades. A questão é quem pode atender às necessidades em evolução.” /TRADUZIDO POR ALICE LABATE
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.