Contas que apoiam o Hamas nas redes sociais aproveitam ‘brechas’ para ganhar seguidores

Grupo terrorista Hamas está banido das redes sociais, mas suas mensagens ainda estão se espalhando

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Por Stuart A. Thompson e Mike Isaac

THE NEW YORK TIMES - O grupo terrorista Hamas foi banido do Facebook, removido do Instagram e expulso do TikTok. No entanto, as postagens que apoiam o grupo que realizou ataques terroristas em Israel neste mês ainda estão atingindo o público em massa nas redes sociais, divulgando imagens horríveis e mensagens políticas para milhões de pessoas.

Várias contas que simpatizam com o Hamas ganharam centenas de milhares de seguidores nas plataformas sociais desde que a guerra entre Israel e o Hamas começou em 7 de outubro, de acordo com uma análise do jornal americano The New York Times.

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A conta Gaza Now no Telegram, mensageiro conhecido pela sua pouca moderação de conteúdo, alcançou mais de 1,3 milhão de seguidores esta semana, em comparação com cerca de 340 mil antes dos ataques. Essa conta está alinhada com os terroristas Hamas, de acordo com o Atlantic Council, um grupo de pesquisa focado em relações internacionais.

“Vimos conteúdo do Hamas no Telegram, como filmagens de terroristas atirando em soldados israelenses”, disse Jonathan A. Greenblatt, executivo-chefe da Liga Anti-Difamação. “Vimos imagens não apenas no Telegram, mas em outras plataformas, de soldados mortos e ensanguentados.”

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Essas postagens são o mais recente desafio para as empresas de tecnologia, já que muitas delas tentam minimizar a disseminação de conteúdo falso ou extremista e, ao mesmo tempo, preservar o conteúdo que não infringe suas regras. Em conflitos anteriores, como o genocídio em Mianmar ou outros ataques entre palestinos e Israel, as empresas de rede social tiveram dificuldades para encontrar o equilíbrio certo, com grupos de vigilância criticando suas respostas por serem muito limitadas ou, às vezes, excessivamente zelosas.

Os especialistas disseram que o Hamas e as contas de rede social ligadas ao grupo terrorista estavam, agora, explorando esses desafios para evitar a moderação e compartilhar suas mensagens.

A maioria das plataformas online há muito tempo proíbe organizações terroristas e conteúdo extremista. O Facebook, o Instagram, o TikTok, o YouTube e o X (antigo Twitter) baniram contas ligadas ao Hamas ou postagens que são abertamente simpáticas à sua causa, dizendo que elas violam suas políticas de conteúdo contra o extremismo.

A Gaza Now, por exemplo, tinha mais de 4,9 milhões de seguidores no Facebook antes de ser banida na semana passada, logo após o The New York Times entrar em contato com a Meta, a empresa controladora da rede social, sobre a conta. A Gaza Now não publicou os tipos de conteúdo macabro encontrados no Telegram, mas compartilhou acusações de irregularidades contra Israel e incentivou seus seguidores do Facebook a se inscreverem no canal do Telegram.

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A Gaza Now também tinha mais de 800 mil seguidores coletivos em outros sites de rede social antes que muitas dessas contas também fossem removidas na semana passada. Sua conta no YouTube tinha mais de 50 mil assinantes antes de ser suspensa na terça-feira, 17.

Em um comunicado, um porta-voz do YouTube disse que a Gaza Now violou as políticas da empresa porque o proprietário do canal já havia operado uma conta no YouTube que foi encerrada.

O Telegram surgiu como a plataforma de lançamento mais clara para mensagens pró-Hamas, segundo especialistas. As contas lá compartilharam vídeos de prisioneiros capturados, cadáveres e prédios destruídos, com os seguidores geralmente respondendo com o emoji de polegar para cima. Em um caso, os usuários orientaram uns aos outros a enviar imagens horríveis de civis israelenses sendo baleados para plataformas como Facebook, TikTok, Twitter e YouTube. Os comentários também incluíam sugestões sobre como alterar a filmagem para dificultar que as empresas de rede social a encontrassem e removessem facilmente.

O Telegram também hospeda uma conta oficial das Brigadas Al-Qassam, a ala militar do Hamas. Seu número de seguidores triplicou desde o início do conflito.

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Manifestante no Líbano usava uma faixa na cabeça com o logotipo e o nome do Qassam durante protestos  Foto: Hassan Ammar/AP

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Pavel Durov, o executivo-chefe do Telegram, escreveu em um post na semana passada que a empresa havia removido “milhões de conteúdo obviamente prejudicial de nossa plataforma pública”. Mas ele indicou que o aplicativo não barraria o Hamas completamente, dizendo que essas contas “servem como uma fonte única de informações em primeira mão para pesquisadores, jornalistas e verificadores de fatos”.

“Embora fosse fácil para nós destruir essa fonte de informações, ao fazer isso corremos o risco de exacerbar uma situação já terrível”, escreveu Durov.

O X, do qual Elon Musk é proprietário, foi invadido por falsidades e conteúdo extremista quase tão logo o conflito começou. Pesquisadores do Institute for Strategic Dialogue, um grupo de defesa política, descobriram que, em um período de 24 horas, uma coleção de publicações no X que apoiava atividades terroristas recebeu mais de 16 milhões de visualizações. A União Europeia disse que examinaria se o X violou uma lei europeia que exige que as grandes redes sociais impeçam a disseminação de conteúdo nocivo. O X não respondeu a um pedido de comentário.

No entanto, as contas não reivindicadas diretamente pelo Hamas apresentam desafios mais difíceis para as empresas e os usuários criticaram as plataformas por serem excessivamente zelosas na remoção de alguns conteúdos.

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Milhares de apoiadores palestinos disseram que o Facebook e o Instagram suprimiram ou removeram suas publicações, mesmo quando as mensagens não violavam as regras das plataformas. Outros relataram que o Facebook havia suprimido contas que convocavam protestos pacíficos em cidades dos Estados Unidos, incluindo protestos planejados na área de São Francisco no fim de semana.

A Meta disse em uma postagem de blog na sexta-feira, 20, que o Facebook poderia ter removido inadvertidamente algumas publicações enquanto trabalhava para responder a um aumento nas denúncias de conteúdo que violava as políticas do site. Algumas dessas postagens foram ocultadas devido a um bug acidental nos sistemas do Instagram que não estava exibindo conteúdo pró-palestino em seu recurso Stories, disse a empresa.

Masoud Abdulatti, fundador de uma empresa de serviços de saúde, a MedicalHub, que mora em Amã, na Jordânia, disse que o Facebook e o Instagram bloquearam suas publicações de apoio aos palestinos e que ele recorreu ao LinkedIn para compartilhar seu apoio aos civis de Gaza que estavam presos no meio do conflito.

“As pessoas do mundo ignoram a verdade”, disse Abdulatti.

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Eman Belacy, uma redatora que mora na província de Sharkia, no Egito, observou que normalmente usava sua conta do LinkedIn apenas para redes de negócios, mas começou a postar sobre a guerra depois que sentiu que o Facebook e o Instagram não estavam mostrando o quadro completo da devastação em Gaza.

“Pode não ser o lugar para compartilhar notícias de guerra, mas, desculpe-nos, o monte de injustiça e hipocrisia é insuportável”, disse Belacy.

Os desafios refletem as ferramentas de moderação de conteúdo que as redes sociais têm usado cada vez mais, disse Kathleen Carley, pesquisadora e professora do CyLab Security and Privacy Institute da Carnegie Mellon University.

Muitas empresas, segundo ela, dependem de uma combinação de moderadores humanos - que podem ser rapidamente sobrecarregados durante uma crise - e alguns algoritmos de computador, sem coordenação entre as plataformas.

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“A menos que você faça a moderação de conteúdo de forma consistente, para a mesma história em todas as principais plataformas, você está apenas tampando o sol com a peneira”, disse Carley. “Isso vai ressurgir.”

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