O paulista Daniel de Freitas é o principal nome da inteligência artificial (IA) do Brasil e passou a integrar o time de engenheiros de IA do Google novamente. A sua empresa Character.AI, criada em 2021, foi comprada pela gigante de tecnologia na última semana. Freitas se tornou popular no segmento no País justamente por trabalhar com o braço mais popular da tecnologia dos últimos anos: chatbots inteligentes treinados a partir de grandes modelos de linguagem (LLMs).
A Character AI, startup fundada por ele e por Noam Shazeer em novembro de 2021, desenvolve chatbots capazes de “imitar” personalidades de notáveis, como Albert Einstein e Barack Obama - e alcançou o status de “unicórnio (avaliada acima de US$ 1 bilhão) em março do ano passado. Com valor de mercado de aproximadamente US$ 5 bilhões quando foi comprada pelo Google, a empresa teve um dos crescimentos mais rápidos já registrados entre empreendedores do País.
Freitas chegou a figurar no ranking da revista Forbes das pessoas mais ricas do mundo. No ano passado, o engenheiro apareceu com uma fortuna estimada em R$ 1,15 bilhão, na 244ª posição da lista global. Na época, ele foi o primeiro brasileiro do setor de IA a estabelecer um patrimônio bilionário. Atualmente, o engenheiro não está mais na lista de bilionários da Forbes.
Formado em engenharia da computação pela Universidade de São Paulo (USP), em vez de seguir o caminho da academia no Brasil, algo comum para perfis como os dele, logo ele arrumou um emprego na Microsoft nos EUA e nunca mais voltou para o País.
Com passagem pela Universidade de Stanford, Freitas começou a trabalhar na Microsoft em 2012 como engenheiro de software em um dos escritórios dos Estados Unidos. Em seu último ano na empresa, o engenheiro trabalhou com modelos de linguagem natural e IA para o Bing, buscador da companhia.
Depois de quatro anos na empresa fundada por Bill Gates, ele foi procurado por uma recrutadora do Google, o que se mostrou um movimento decisivo para ele. O brasileiro, então, foi trabalhar no Google e fez parte da equipe que desenvolveu o LaMDA, inteligência artificial de texto que, no ano passado, ganhou os holofotes por supostamente ter adquirido consciência. O LaMDA também foi a base para que o Google iniciasse os trabalhos com seu próprio chatbot, o Bard.
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Foi no projeto que Freitas conheceu Noam Shazeer e, em 2021, os colegas decidiram criar a Character.AI. No início deste ano, a empresa foi avaliada em US$ 1 bilhão após um aporte liderado pelo fundo de investimento Andreessen Horovitz. Na época, o grupo anunciou um cheque de US$ 150 milhões para investir na empresa de Freitas.
A Character.AI, que Freitas criou com Shazeer, funciona como um robô de conversa que simula uma interação com personalidades famosas. No site da Character.AI, por exemplo, é possível escolher quem vai ser o seu interlocutor: Winston Churchill, Billie Eillish, Elon Musk, Tony Stark ou Sócrates, por exemplo.
Ao clicar sobre cada um, o usuário pode enviar perguntas, fazer comentários, e a IA, por sua vez, irá responder “dentro do personagem”. A proposta é permitir que pessoas conversem, por ferramenta de bate-papo, com robôs com capacidade de imitar características de diversos tipos de pessoas em evidência, incluindo os bordões de cada um. Também é possível fazer uma “ligação” e conversar por voz com a personalidade escolhida - tudo na ficção, claro.
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