Filtros de beleza de Facebook e Instagram estão ameaçados; entenda o que muda

Com a decisão, apenas filtros criados pela própria Meta permanecem funcionando

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Por João Pedro Adania

Nesta terça-feira, 14, a Meta vai encerrar todos os filtros de realidade aumentada (RA) desenvolvidos por usuários. Ou seja: os mais de 2 milhões de efeitos de beleza, incluindo aqueles desenvolvidos pelo mercado publicitário, não estarão mais disponíveis no Facebook, Instagram e Messenger.

O anúncio sobre a descontinuidade das ferramentas aconteceu em agosto de 2024, quando informou que a plataforma Spark, usada por criadores para aplicações e filtros de realidade aumentada nos Stories das redes sociais, seria desativada.

O anúncio sobre a descontinuidade das ferramentas aconteceu em agosto de 2024, quando informou que a plataforma Spark, usada por criadores para aplicações e filtros de realidade aumentada, seria desativada.. Foto: epic_images/ Adobe Stock Foto: epic_images/ Adobe Stock

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Segundo a companhia de Mark Zuckerberg, a Spark era usada por 600 mil desenvolvedores em 190 países. “Quando lançamos a plataforma há sete anos, a realidade aumentada era uma novidade para a maioria dos usuários. Desde então, a imaginação, inovação e criatividade de nossa comunidade de criadores RA expandiram o alcance da tecnologia para centenas de milhões de pessoas nas plataformas da Meta”, disse o comunicado sobre o encerramento.

A decisão indica que apenas os filtros - incluindo os de beleza - próprios da empresa continuarão acessíveis nas redes da companhia. Até o fim do ano passado, ela já tinha criado cerca de 160 desses filtros.

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Não há detalhes técnicos sobre a medida, apenas a justificativa de que a decisão “é parte de esforços para focar em produtos que vão atender melhor às necessidades futuras de nossos consumidores e clientes corporativos”.

A Meta tem direcionado esforços significativos para o desenvolvimento de tecnologias inovadoras, como óculos de realidade aumentada. Áreas como essa, que integram inteligência artificial, têm demandado grandes investimentos da empresa nos últimos dois anos. Exemplos disso incluem a parceria com a Ray-Ban, o aprimoramento dos óculos Quest, e a expansão do uso de IA em todas as suas plataformas, incluindo o WhatsApp.

“Estamos comprometidos com nossos investimentos de longo prazo em novas plataformas que vão além das experiências 2D atuais”, continuou a nota da empresa.

O que muda nas redes sem os filtros dos criadores?

Publicações já feitas que utilizaram algum filtro, sejam em Reels ou Stories, por exemplo, não serão afetadas. No entanto, a partir do dia 14 de janeiro não será possível acessar ou usar novos efeitos criados por terceiros.

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Até mesmo as ferramentas dentro do Spark, como o criador de efeitos Meta Spark Studio, o testador e visualizador de filtros Meta Spark Player, e o gerenciador de efeitos Spark Hub, serão descontinuadas.

Como os desenvolvedores de filtros reagiram?

Houve uma onda de reclamações motivadas pela decisão, parte do público entendeu que a empresa começou a limitar possibilidades de criação dentro da plataforma.

Queixas de usuários, no entanto, não são novidade para a Meta, que desde a implementação dos filtros recebeu críticas opostas, nas quais especialistas alegavam que os filtros reproduziam padrões de beleza irreais e contribuíam para distúrbios de imagem nas pessoas.

Mesmo que a empresa de Zuckerberg não tenha associado a decisão ao tema da saúde mental, concorrentes da Meta já o fizeram. Em novembro do ano passado, o TikTok passou a restringir filtros de beleza para menores de 18 anos.

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O anúncio do TikTok aconteceu durante o fórum de segurança realizado na sede europeia da plataforma, na qual houve a implementação de uma política global de restrição a filtros que modifiquem características faciais de maneira irreal, como aumentar os olhos, realçar os lábios ou suavizar a textura da pele.

Esses efeitos se tornaram populares nas redes em especial o “Bold Glamour”. Ele se diferencia pelo realismo e precisão na hora de se ajustar aos movimentos faciais.

A nova política foi colocada em prática quando a plataforma enfrentava crescente pressão para melhorar a segurança de seus usuários jovens, sobretudo por conta de estudos que afirmam que filtros de beleza podem afetar negativamente a autoestima de adolescentes.

Organizações de proteção infantil, como a Sociedade Nacional para a Prevenção da Crueldade contra Crianças (NSPCC), elogiaram as medidas, mas ressaltam que “é apenas o primeiro passo”, de acordo com o The Gardian.

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O “Bold Glamour” já foi postado cerca de 128,5 milhões de vezes. Outra famosa pelos filtros, o Snapchat, diz que mais de 250 milhões de pessoas usam o filtro, que ela chama de Lenses, todos os dias, o que resulta em 6 bilhões de fotos alteradas.

No Brasil a Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD) instaurou um processo administrativo contra o TikTok para investigar possíveis irregularidades no tratamento de dados de crianças e adolescentes na plataforma.

Qual a alternativa para quem ainda quer usar filtros?

É possível aplicar filtros em vídeos e fotos em ferramentas independentes e depois publicar o conteúdo nas redes da Meta.

Para achar os filtros oficiais do Instagram ou Facebook, basta acessar o perfil dessas redes, tocar no ícone de três estrelas e escolher.

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