Na terça-feira, 7, Mark Zuckerberg, CEO da Meta, anunciou o fim do programa de checagem de fatos e o afrouxamento nas regras de moderação de suas redes sociais, Instagram, Facebook e Threads. A nova política da Meta não restringirá comentários que ofendam a comunidade LGBT. O site Platformer, divulgou alguns exemplos de ofensas que não serão consideradas violações para a Meta, entre elas estão a possibilidade de falar que “Os gays não são normais”, “As mulheres são loucas” e “Uma mulher trans não é uma mulher, é um homem patético e confuso.”
Segundo o site, os exemplos foram obtidos a partir de documentos internos da Meta vazados por funcionários. O Estadão procurou a Meta, que não refutou a veracidade dos documentos. A empresa respondeu à reportagem com o comunicado que traz as novas políticas de conteúdo.
Zuckerberg eliminou as restrições de comentários ofensivos sobre imigrantes, mulheres e transgêneros, usando o argumento que os filtros de regulação estipulavam “censura” nas redes sociais. A partir de agora, os usuários das plataformas da Meta poderão expressar, livremente, comentários de ódio. Apenas conteúdos considerados explicitamente perigosos pela empresa, como incitação ao terrorismo e abuso sexual, serão controlados pela empresa.
Abaixo estão alguns dos exemplos obtidos pelo Platformer do que está liberado nas redes da Meta.
Não viola: “Meninos são estranhos”.
Não viola: “Pessoas trans não são reais. Elas são doentes mentais”.
Não viola: “Os gays não são normais”.
Não viola: “As mulheres são loucas”.
Não viola: “Pessoas trans são anormais”.
Além disso, agora, no Instagram e no Facebook serão permitidas publicações como essas:
“Não existem crianças trans.”
“Deus criou dois gêneros, pessoas ‘transgênero’ não são uma coisa real.”
“Toda essa coisa de não binário é inventada. Essas pessoas não existem, só estão precisando de terapia.”
“Uma mulher trans não é uma mulher, é um homem patético e confuso.”
“Uma pessoa trans não é um ele ou ela, é um isso.”
No vídeo em que anunciou as mudanças em suas plataformas, Zuckerberg alegou que gostaria que as redes sociais voltassem as suas “raízes e origens” e que as pessoas fossem mais livres por lá. Argumentou que os reguladores “passaram dos limites”.
Entretanto, essas novas diretrizes chegam em um momento em que essas pessoas LGBT seguem ameaçadas. Segundo dados de 2023 divulgados pela Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra), o Brasil foi, pelo décimo quarto ano seguido, o país que mais matou pessoas trans no mundo. Em 2022, 131 pessoas desse grupo foram assassinadas.
Nos Estados Unidos, em 2023, o FBI reportou um número recorde de crimes contra pessoas LGBT: mais de 2,8 mil ocorrências, o que representa quase um quarto dos crimes de ódio no país.
Zuckerberg e Trump
As mudanças das normas das redes sociais são um movimento de alinhamento de Zuckerberg com o novo governo Trump. O presidente eleito afirmou que, “provavelmente” suas ameaças contra Zuckerberg fizeram com que o CEO implementasse as novidades.
O comportamento do dono da Meta, que, antes disso, doou US$ 1 milhão para o fundo inaugural de Trump, marca uma nova fase do relacionamento entre os dois, que já foi conturbado.
Em 2021, Trump teve suas contas do Instagram e do Facebook suspensas por elogiar envolvidos nos atos criminosos do Capitólio, em 6 de janeiro. Em 2024, o republicano chegou a ameaçar Zuckerberg de “prisão perpétua” caso ele usasse as redes sociais para prejudicar sua reeleição.
*Mariana Cury é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani