Geração Z já está alfabetizada em IA e quer mudar o mercado de trabalho

Geração Z vem explorando o mundo das IAs gerativas e se juntam à força de trabalho com novas habilidades tecnológicas

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Por Danielle Abril
Atualização:

THE WASHINGTON POST - Não é uma alucinação. A geração mais jovem que está ingressando no mercado de trabalho pode ser a mais preparada para defender e usar a inteligência artificial (IA) gerativa no ambiente profissional.

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Durante meses, muitos desses jovens talentos têm explorado as capacidades dessa tecnologia, aprimorando suas habilidades e aprendendo como aplicá-la melhor às suas tarefas. E enquanto alguns são cautelosos sobre os possíveis danos da IA, muitos estão mais fascinados do que preocupados com a tecnologia.

“Estou realmente animada com a IA e o que ela pode fazer”, disse Naomi Davis, que se formou em administração de empresas em maio pelo Georgia Institute of Technology, e usa IA para ajudá-la a expressar claramente suas ideias por escrito. “Eu usei a ferramenta toda semana do meu último semestre”.

A inteligência artificial gerativa está causando um grande impacto à medida que é integrada a ferramentas de trabalho como provedores de e-mail, editores de gráficos, ferramentas de produtividade e programas de codificação. Apesar de alguns líderes, incluindo criadores de IA, alertarem sobre cenários apocalípticos em que a tecnologia domina a humanidade, centenas de milhares de estudantes da Geração Z — aqueles nascidos entre 1997 e 2012 — têm experimentado essa tecnologia e, em alguns casos, até foram incentivados por suas escolas a explorá-la.

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Naomi Davis está se juntando ao Google MUST CREDIT: Naomi Davis photo Foto: Handout / Handout

Agora, como novos contratados, a Geração Z está trazendo seu conhecimento em IA para o trabalho, acelerando ainda mais o uso no futuro. E os jovens adultos têm mais probabilidade de usar IA do que seus colegas mais velhos no trabalho, sugere uma pesquisa recente do Pew Research Center.

A Geração Z representou mais de 13% da força de trabalho dos EUA no ano passado, de acordo com dados do Bureau de Estatísticas do Trabalho dos EUA. E espera-se que esse número cresça, pois os mais jovens da Geração Z, também conhecidos como Zoomers, ainda estão a alguns anos de ingressar na força de trabalho.

Desde pequenos, os Zoomers foram expostos a dispositivos e serviços digitais — os mais velhos tinham cerca de um ano de idade quando o Google foi lançado. Como resultado, eles tendem a estar abertos a explorar novas tecnologias, incluindo IA, disse Shaun Pichler, professor de gestão na Faculdade de Negócios e Economia da California State University, nos EUA.

“Eles são a primeira geração nativa digital”, disse ele, acrescentando que muitos dos estudantes cresceram se comunicando digitalmente por meio de texto e mídias sociais. “Eles estão acostumados a usar a tecnologia dia após dia.”

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Como a Geração Z usa a inteligência artificial

Os Zoomers têm contado com o ChatGPT, da OpenAI, para ajudá-los a escrever cartas de apresentação, editar redações, formular ou esclarecer ideias, verificar códigos e até ajudar com suas finanças. E algumas universidades incluem a inteligência artificial gerativa em seus currículos, em vez de bani-la por medo de trapaças.

Esse foi o caso dos alunos que frequentaram a aula de redação de Kyle Jensen no campus de Tempe da Arizona State University no semestre passado. Jensen, também diretor de programas de escrita, disse que já estava explorando a inteligência artificial gerativa antes do ChatGPT ser lançado em novembro. Para a sua aula, Jensen queria educar seus alunos e aprender como eles se sentem e poderiam usar a tecnologia.

“Eu pensei que essa era uma oportunidade para ensinar sobre a alfabetização em IA”, ele disse. “Vamos usar essa oportunidade para pensar em diferentes maneiras de aplicar a IA e para onde ela pode estar indo no futuro.”

O curso, que 14 alunos fizeram ao longo de 16 semanas, cobriu a história da inteligência artificial e deu aos alunos acesso a ferramentas de IA gerativa. Jensen então queria que os alunos discutissem como eles usavam as ferramentas, bem como seus benefícios e limitações.

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Ximena Vasquez Bueno, 22, disse que usou IA gerativa para editar algumas de suas redações. A IA às vezes interpretava erroneamente uma frase longa, o que a ajudou a perceber onde ela poderia ter sido mais clara e concisa. Corrigiu erros de tempo verbal que ela não percebeu, já que o espanhol é sua primeira língua, e mostrou a ela as ideias que escreveu.

“Isso me ajudou a identificar melhor minha voz como escritora e como ela difere da IA”, disse Vasquez Bueno, ex-estudante de ciência da computação que está considerando uma carreira em redação de experiência do usuário quando se formar no próximo ano. “Me sinto mais confortável em usá-la para projetos futuros.”

A IA também está servindo como um recurso de pesquisa para os Zoomers. Cortez Hill, estudante de negócios e teatro que espera se formar na University of Michigan no próximo ano, disse que usou IA gerativa para entender conceitos complexos de investimento, pedindo termos que uma criança de 5 anos entenderia e encontrando fontes que ele pudesse usar para um trabalho.

“É assustador como ela está evoluindo em nosso mundo, mas estou aberto a enfrentar esse desconforto”, disse ele. “Nosso mundo está apenas mudando.”

Mas a tecnologia não está apenas ajudando os Zoomers com a escrita. Daniel Osorno Villamil, formado em ciência da computação em maio pelo Georgia Tech, disse que usou o ChatGPT para verificar seus cálculos e revisar códigos. Uma vez, ele inseriu 300 linhas de código e pediu para encontrar o problema. A IA gerativa também o ajudou com suas finanças, encontrando áreas para reduzir custos, disse ele. Ele afirmou estar animado para ver como pode aproveitá-la em seu novo emprego como engenheiro de software na Microsoft no outono.

Daniel Osorno está se juntando à Microsoft MUST CREDIT: Mateo Osorno photo Foto: Handout / Handout

“Ter algo assim para fazer o código básico e me dar tempo para resolver problemas reais — a perspectiva disso é empolgante”, disse ele. “Eu sempre amei tecnologia, então é mais empolgante do que preocupante.”

Enquanto alguns programadores estão preocupados em ser substituídos pela IA, Edith Llontop, que se formou em maio em engenharia elétrica e ciências da computação pela Universidade da Califórnia, em Berkeley, disse que espera trabalhar ao lado dela em vez de ser substituída.

“A escrever código poderá ser uma tarefa tomada pelos modelos gerativos, mas grande parte do processo criativo que faz parte do trabalho de um desenvolvedor provavelmente não será”, disse ela.

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Naomi Davis, a recém-formada do Georgia Tech, diz que sua experiência mostra que a tecnologia é tão boa quanto o humano que a conduz. A jovem de 21 anos usou-a para geração de ideias e para desenvolver e esclarecer seus pensamentos. Mas mesmo assim, ela precisa verificar ou editar tudo. Uma vez ela usou um chatbot para escrever código, mas após revisar percebeu que o resultado era bastante básico.

“Eu realmente me acalmei depois disso”, disse ela. “Percebi que você ainda precisa usar sua inteligência para fazer com que fique bom.”

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A explosão da IA também está mudando os caminhos de alguns jovens. Rona Wang, que se formou recentemente no Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT) com diplomas em matemática e ciência da computação, recusou um emprego que ela acredita que poderia ser sujeito à automação. Em vez disso, ela optou por cursar um mestrado em programação mais voltado para hardware.

“Uma boa regra é procurar empregos e habilidades que exijam julgamento ou pesquisa de alguma forma,” diz ela.

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Os Zoomers não estão ignorando os possíveis danos, apesar de seu entusiasmo. Alguns dizem que estão preocupados com as implicações da IA, incluindo sua capacidade de espalhar desinformação, tornar as pessoas preguiçosas para aprender, elevar o nível para empregos de nível de entrada e se tornar uma maneira de patrões reduzirem custos — mesmo que isso signifique diminuir a qualidade do trabalho.

Andrew Otchere, que obteve seu diploma de atuação na University de Michigan, disse que a greve dos roteiristas em Hollywood o fez se sentir dividido. Ele vê valor em usar IA para pesquisa de desenvolvimento de personagem, mas também teme que as empresas possam usá-la para produção ou escrita criativa e outras áreas que ele espera seguir.

“Estou realmente preocupado que possamos cair no hábito de nos tornar muito dependentes de IA, valorizando lucros acima das pessoas”, disse ele. “A criatividade é um dos meus maiores ativos.”

Mas as habilidades artísticas da IA ainda não são tão impressionantes, pelo menos não na música, disse Nolan Ehlers, graduado em artes de Michigan, que acaba de concluir seu mestrado em percussão e música de câmara. Ele viu alguns de seus colegas experimentando como a IA pode ser usada para gerar música. Mas, tendo usado a IA para cartas de apresentação, ele acha que ela pode ser mais adequada para tarefas administrativas.

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Para muitos Zoomers, a IA é vista principalmente como uma nova tecnologia para ajudar a economizar tempo e desenvolver novas habilidades.

“Não sinto que isso seja uma fase”, disse Mashal Imtiaz, graduada em Berkeley e nova engenheira de software da Microsoft, acrescentando que está confortável com a tecnologia, mas ainda não a usou no trabalho. “Isso será usado cada vez mais e vai se tornar parte do nosso dia a dia.”/TRADUZIDO POR BRUNO ROMANI

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