Diga ‘por favor’ e ‘obrigado’: IAs são ‘sensíveis’ à falta de educação, mostra estudo

Grosseria ou polidez demais na elaboração de prompts em modelos como ChatGPT geram resultados ruins

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Por Henrique Sampaio
Atualização:

Um estudo realizado pela Universidade de Waseda e pelo instituto de pesquisa Riken, no Japão, investigou a influência da polidez e do respeito na comunicação com inteligências artificiais (IAs) durante a criação de comandos (ou prompts).

Partindo da hipótese de que o respeito é importante na comunicação entre humanos, os pesquisadores quiseram avaliar seu impacto nas respostas das IAs aos prompts, uma vez que os grandes modelos de linguagem (LLMs), como o sistema que abastece o ChatGPT, imitam traços da comunicação humana e normas culturais.

Estudo mostra como IAs reagem a prompts mal-educados  Foto: Sebastien Bozon/AFP

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Os pesquisadores focaram o estudo em três idiomas: inglês, chinês e japonês, uma vez que o respeito se expressa de diferentes formas em cada um dos idiomas e seus contextos sócio-culturais.

O GPT-3.5 e o GPT-4, da OpenAI, foram escolhidos por sua versatilidade nos três idiomas, mas a equipe também testou modelos menos conhecidos. Eles também consideraram os vieses estereotípicos que as IAs podem expressar, como gênero, nacionalidade, idade, raça e classe social, uma vez que elas são treinadas a partir de uma enorme quantidade de dados criados pelos próprios humanos.

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Em seguida, foram criadas oito variações distintas de prompts, solicitando às diferentes IAs uma tarefa simples, com graus variados de respeito, do mais grosseiro ao mais respeitoso.

O estudo concluiu que o respeito na elaboração dos prompts pode afetar significativamente a performance das IAs, refletindo o comportamento social humano. O uso de palavras grosseiras e ofensivas na comunicação com a IA resultou em baixa performance, levando ao aumento do viés, respostas incorretas ou até mesmo na recusas de respostas. Contudo, prompts excessivamente educados não trouxeram resultados muito melhores. O ideal, segundo os persquisadores, é manter um nível moderado de educação.

Curiosamente, o GPT-4 não apresentou uma tendência de “discutir” com o usuário mal educado ou excessivamente educado, sugerindo que o modelo prioriza a tarefa solicitada, independentemente da forma como ela é expressa.

Outro detalhe interessante é que modelos treinados em um idioma específico são suscetíveis ao grau de polidez daquela língua, sugerindo que o contexto cultural deva ser considerado no desenvolvimento de LLMs.

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