Em uma conversa com investidores na primavera passada, Mark Zuckerberg, presidente executivo da Meta, disse que acreditava ter a oportunidade de apresentar assistentes com inteligência artificial (IA) “a bilhões de pessoas de maneiras que serão úteis e significativas”.
Um ano depois, ele está cumprindo sua declaração.
Nesta quinta-feira, 18, a Meta vai começar a incorporar novas versões de seu software de assistente inteligente alimentado por IA em seus aplicativos, que incluem o Instagram, WhatsApp, Messenger e Facebook. A tecnologia mais recente será implementada em mais de uma dúzia de países, incluindo Austrália, Canadá, Cingapura e EUA. Não há previsão de lançamento no Brasil.
O software de IA se tornará praticamente onipresente: dentro do feed de notícias, nas barras de pesquisa e nos bate-papos com amigos. As pessoas poderão pedir ajuda ao assistente, Meta AI, para concluir tarefas e obter informações, como, por exemplo, quais concertos podem estar ocorrendo em São Francisco em um sábado à noite ou as melhores opções de enchiladas veganas em Nova York, EUA.
A Meta AI é alimentada pelo LLaMA 3, o mais novo e mais poderoso modelo de linguagem grande da empresa, uma tecnologia de IA que pode gerar prosa, conduzir conversas e criar imagens.
“Com o LLaMA 3, o Meta AI será agora o assistente mais inteligente disponível gratuitamente”, disse Zuckerberg em entrevista. “E como atingimos o nível de qualidade que desejamos, vamos torná-la muito mais proeminente e fácil de usar em todos os nossos aplicativos.”
O esforço é o maior lançamento de produtos da Meta que inclui uma poderosa tecnologia de IA. A gigante das redes sociais começou a incorporar a IA generativa em seus aplicativos no ano passado de forma limitada, lançando uma série de chatbots e personagens com IA que podiam conversar com os usuários em setembro. Mas essa nova iniciativa ultrapassa isso em termos de escopo e objetivo, colocando produtos de IA nas partes mais visíveis e mais usadas dos aplicativos da Meta.
Outros gigantes da tecnologia também estão inserindo a IA em seus produtos, à medida que as startups do Vale do Silício levantam bilhões de dólares para criar aplicativos e serviços com IA que, segundo elas, definirão a próxima fase da computação.
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No ano passado, a Microsoft incorporou o ChatGPT, da OpenAI, ao mecanismo de busca Bing. O Google integrou IA em produtos como Docs, Gmail e Busca. Startups como a Perplexity e a Anthropic também têm como objetivo levar aos consumidores mais produtos e serviços com tecnologia de IA.
Os esforços da Meta se destacam devido à grande escala de seus produtos, usados por quase quatro bilhões de pessoas no mundo todo, todos os meses. Ela também é uma das poucas empresas a “abrir o código-fonte” da maior parte da própria tecnologia de IA, o que significa que qualquer pessoa pode examinar a tecnologia subjacente e usá-la para criar produtos ou serviços gratuitamente.
IA pronta para o mercado
Zuckerberg disse que o lançamento da nova IA faz parte do “manual” histórico da Meta de adicionar um recurso a seus aplicativos “quando sentimos que estava pronto”. Ele apontou para produtos como Stories e Reels, dois produtos de vídeo e imagem que apareceram no Instagram, e como eles foram posteriormente incorporados ao Facebook e ao WhatsApp.
Quando o ChatGPT chegou no final de 2022, impressionando as pessoas com a forma como respondia a perguntas, escrevia trabalhos e gerava códigos de computador, o setor de tecnologia correu para criar uma tecnologia semelhante - mesmo que as ferramentas às vezes cometessem erros e gerassem inverdades.
Devido a essas falhas, a OpenAI e outras empresas líderes em IA disseram que não abririam o código-fonte da tecnologia subjacente que alimentava esses chatbots.
A Meta adotou uma abordagem diferente. Ela abriu o código-fonte da primeira versão do LLaMA, em fevereiro de 2023, antes de lançar uma versão mais poderosa menos de seis meses depois. Outras empresas seguiram o exemplo, incluindo o Google e uma importante startup francesa, a Mistral. Ao abrir o código-fonte da tecnologia, pesquisadores e engenheiros independentes de todo o mundo podem ajudar a identificar problemas na tecnologia e aprimorá-la, afirmaram as empresas.
Sempre acreditamos no princípio do código aberto e estamos felizes em ver que o setor o está adotando
Ahmad Al-Dahle, vice-presidente de IA generativa da Meta
“Sempre acreditamos nesse princípio e estamos felizes em ver que o setor está adotando o poder do código aberto e as possibilidades positivas que ele pode criar”, diz Ahmad Al-Dahle, vice-presidente de IA generativa da Meta, em entrevista.
Dahle disse que o LLaMA 3 apresentou grandes melhorias em relação aos modelos anteriores de linguagem de grande porte da Meta, chamando-o de “significativamente melhor” do que o que as pessoas estavam acostumadas.
A Meta também ajustou o modelo de IA para torná-lo um pouco menos conservador no tipo de perguntas que a IA responderá, o que significa que o assistente terá menos probabilidade de se recusar a responder a algumas perguntas.
No passado, a Meta, a Microsoft e outras empresas tentaram impedir que seus chatbots discutissem tópicos polêmicos, como política, religião e aconselhamento médico, temendo repercussões de grupos políticos ou de interesse.
Para atrair usuários, a Meta também adicionará uma tecnologia de geração de imagens mais rápida ao assistente de IA e, posteriormente, planeja incorporar a tecnologia de IA em seus óculos inteligentes Ray-Ban Meta.
O desafio será convencer as pessoas de que os novos assistentes podem ser úteis. A Meta está trabalhando para ajudar as pessoas a aprenderem que tipo de perguntas podem fazer aos assistentes para dar-lhes vida, disse Dahle.
“Apesar da prevalência dessas IA, ainda há um fator de educação sobre como interagir com uma IA”, disse ele.
Como a maioria dos produtos da Meta, os novos assistentes são de uso gratuito - e provavelmente difíceis de evitar se você for um usuário regular dos aplicativos da empresa.
Os executivos da Meta não parecem preocupados com a saturação da IA. “Estamos entusiasmados em compartilhar nosso assistente de última geração com ainda mais pessoas e mal podemos esperar para ver como ele melhora a vida das pessoas”, disse a empresa.
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