O que atrai Bill Gates e Mark Zuckerberg para um livro de antropologia?

Lançado em 2014, 'Sapiens – Uma Breve História da Humanidade' virou leitura obrigatória entre os chefões do Vale do Silício

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Por Redação Link
Atualização:
Bill Gates recomenda 'Sapiens – Uma Breve História da Humanidade' Foto: Denis Balibouse/Reuters

O livro favorito dos principais chefes do Vale do Silício fala pouco de tecnologia, pelo menos do jeito que esperamos. Longe de tratar sobre algoritmo e matemática, a leitura que está no topo dos livros favoritos dos magnatas de tecnologia há pelo menos cinco anos são 400 páginas sobre antropologia.

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Sapiens – Uma Breve História da Humanidade (ed. L&PM, R$ 59,90), escrita pelo israelense Yuval Noah Harari está na lista de “leituras obrigatórias” de nomes como Bill Gates e Mark Zuckerberg. O primeiro exemplar foi lançado em inglês em 2014 e demorou pouco tempo para se tornar um queridinho do Vale do Silício.

O interesse por trás do livro, no entanto, não desapareceu com o passar do tempo. Foi somente dois anos após o lançamento que, por exemplo, Bill Gates indicou a leitura para todos os seus seguidores e deu exemplares para pessoas mais próximas.

"É tão provocativo e levanta tantas questões sobre a história da humanidade que eu sabia que provocaria grandes conversas em torno da mesa de jantar", escreveu Gates.

O livro conta desde o início do surgimento do Homo Sapiens e de como este se destacou em relação a outras espécies humanas. E parte do sucesso da manutenção da existência do Sapiens, na visão de Harari, está justamente na possibilidade dele criar narrativas e mitos – duas características valiosas e bem quistas pelas grandes empresas de tecnologia hoje.

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O poder das grandes corporações também é explicado de forma acadêmica no livro. Harari exemplifica que, mesmo se os funcionários da montadora Peugeot morressem e todos os carros sumissem das ruas, a empresa continuaria existindo. Isso se dá porque a fabricante como um negócio não precisa necessariamente de uma presença física, a ideia da empresa foi criada por uma pessoa, apresentada para a sociedade e ambas as partes a construíram em um contrato social.

A construção de narrativas e a capacidade do homem de fazer acordos sociais, além de criar e acreditar em mitos, diz o autor, permite que a sociedade defenda, por exemplo, que uma folha de papel valha US$ 100 enquanto outras do mesmo tamanho e cor não valham nada. Ou que as pessoas lutem para manter em pé ordens econômicas invisíveis como o capitalismo e o socialismo.

Segundo analistas de grandes corporações de tecnologia, “Sapiens” é um livro indispensável para os membros da comunidade porque, de certa forma, obriga a jovens empreendedores a pensarem que coisas atualmente óbvias para a sociedade foram frutos de uma construção de linguagem. Uma característica tão forte e importante que pode garantir o sucesso de uma empreitada ou a morte de uma nação.

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