Humanos vão viver 500 anos com ajuda de inteligência artificial, diz pioneiro da tecnologia

Ray Kurzweil prevê futuro em que IA superinteligente vai ser criada até 2029 e em que humanos e máquinas vão convergir até 2045

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Foto do author Guilherme Guerra

ENVIADO ESPECIAL A AUSTIN - Em 2045, os humanos vão ser capazes de desafiar as leis vigentes da natureza e viver até 500 anos. É o que prevê o ex-engenheiro do Google, inventor e pioneiro da tecnologia Ray Kurzweil, que no domingo 10 subiu ao palco do South by Southwest (SXSW) 2024, festival de inovação, música e cinema que acontece entre os dias 8 e 16 de março em Austin, nos EUA.

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Essa longevidade não vai vir de avanços surpreendentes na medicina, como se poderia imaginar. Mas sim da inteligência artificial (IA), que, segundo Kurzweil, vai se tornar eficiente a ponto de conseguir mapear o cérebro de alguma pessoa e “baixar” as informações nele.

“Em 2045, vai ser possível entrar no cérebro e capturar tudo lá. O seu pensamento vai ser uma combinação de tudo o que veio da computação, que vai ser expandir a sua mente”, diz Kurzweil no palco do SXSW 2024.

Ray Kurzweil prevê que humanidade vai ter longevidade maior com ajuda da IA Foto: Guilherme Guerra/Estadão - 10/3/2024

Kurzweil é autor do livro “A Singularidade Está Próxima”, publicado em 2005. A partir de cálculos apresentados na obra, o autor prevê que, até 2045, as pessoas vão ter suas habilidades superadas pela inteligência artificial — e que isso vai possibilitar uma fusão entre humanidade e máquina, cujo fenômeno é batizado por ele de singularidade.

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Se você for dizimado em uma explosão de bomba, vai ser possível recriar tudo o que estava no seu cérebro por volta de 2045

Ray Kurzweil, ex-engenheiro do Google

Nesse futuro, as capacidades mentais e motoras devem ser expandidas com a ajuda da tecnologia. Entre elas, a própria longevidade humana. “Então, se você for dizimado em uma explosão de bomba, vai ser possível recriar tudo o que estava no seu cérebro por volta de 2045. Essa é uma das implicações da singularidade”, descreve.

Em junho, Ray Kurzweil deve atualizar sua magnum-opus com um novo título, A Singularidade Está Ainda Mais Próxima (tradução livre, sem previsão de lançamento no Brasil). Na obra ainda a ser lançada, o futurologista aposta que nanorobôs vão mudar a biotecnologia e cérebros humanos vão poder ser conectados à nuvem, por exemplo.

Além disso, Kurzweil reforça sua aposta, feita originalmente em 1999, de que a inteligência artificial vai se adotar capacidades similares à humana até 2029. Esse tipo de tecnologia é chamada de inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês) — e se tornou uma espécie de Santo Graal do mercado da tecnologia nos últimos anos.

A OpenAI, desenvolvedora do ChatGPT, afirma que o foco da startup é desenvolver uma AGI. Para o fundador e presidente executivo Sam Altman, trata-se do objetivo maior da empresa, que busca atingi-lo em até dez anos. Recentemente, relatos que saíram na imprensa americana afirmam que a companhia conseguiu desenvolver um modelo de IA (batizado de Q*) que soluciona problemas matemáticos, avanço importante rumo à inteligência geral da máquina.

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Além disso, a rival DeepMind, startup comprada pelo Google e com o mesmo propósito, afirma que busca maneiras de desenvolver uma AGI. Recentemente, o fundador e presidente executivo da empresa, Demis Hassabis, afirmou que essa tecnologia vai chegar “gradualmente”, e não com uma “ruptura repentina”.

Ciente dessa corrida, Kurzweil afirma que mantém o prazo para 2029.

“Adiei o lançamento do meu livro para abordar a tecnologia dos modelos amplos de linguagem”, diz o autor no palco do SXSW, em referência ao sistema que abastece chatbots como o ChatGPT, Gemini, Midjourney e outros serviços de IA. “Fiz a previsão em 1999. Ainda não estamos lá (na AGI), mas vamos chegar, um ou dois anos antes do previsto.”

*Repórter viajou a convite do Itaú

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