Redes sociais são viciantes? Veja o que diz a ciência

Ação judicial contra Meta colocou em evidência relação preocupante com as informações pessoais divulgadas online

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Por Matt Richtel

THE NEW YORK TIMES - Um grupo de 41 estados e o Distrito de Colúmbia, EUA, entraram com uma ação na terça-feira, 24, contra a Meta, empresa controladora do Facebook, Instagram, WhatsApp e Messenger, alegando que a empresa usou conscientemente recursos em suas plataformas para fazer com que as crianças as usassem compulsivamente, mesmo quando a empresa disse que seus sites de rede social eram seguros para os jovens.

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“A Meta aproveitou tecnologias poderosas e sem precedentes para seduzir, envolver e, por fim, prender jovens e adolescentes”, disseram os estados em sua ação judicial apresentada no tribunal federal. “Seu motivo é o lucro”.

As acusações na ação judicial levantam uma questão mais profunda sobre comportamento: Os jovens estão se tornando viciados em redes sociais e na internet? Veja o que as pesquisas descobriram.

Redes sociais podem ser "viciantes", dizem especialistas Foto: Alice Labate/Estadão

O que torna redes sociais tão atraentes?

Especialistas que estudam o uso da internet afirmam que o fascínio magnético das redes sociais decorre da maneira como o conteúdo se adapta aos nossos impulsos neurológicos e à nossa fiação, de modo que os consumidores acham difícil se afastar do fluxo de informações que chega.

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David Greenfield, psicólogo e fundador do Center for Internet and Technology Addiction, EUA, disse que os dispositivos atraem os usuários com algumas táticas poderosas. Uma delas é o “reforço intermitente”, que cria a ideia de que o usuário pode receber uma recompensa a qualquer momento, mas o momento em que a recompensa chega é imprevisível. “Como uma máquina caça-niqueis”, disse ele. Assim como em uma máquina caça-niqueis, os usuários são atraídos por luzes e sons, mas, ainda mais poderoso, por informações e recompensas adaptadas aos interesses e gostos do usuário.

Os adultos são suscetíveis, observou ele, mas os jovens estão particularmente em risco, porque as regiões do cérebro envolvidas na resistência à tentação e à recompensa não são tão desenvolvidas em crianças e adolescentes quanto em adultos. “Eles têm tudo a ver com o impulso e não muito com o controle desse impulso”, disse Greenfield sobre os jovens consumidores.

Além disso, disse ele, o cérebro do adolescente é especialmente sintonizado com conexões sociais e “a rede social é uma oportunidade perfeita para se conectar com outras pessoas”.

A Meta respondeu à ação judicial dizendo que havia tomado muitas medidas para apoiar as famílias e os adolescentes. “Estamos desapontados com o fato de que, em vez de trabalhar de forma produtiva com empresas de todo o setor para criar padrões claros e adequados à idade para os muitos aplicativos que os adolescentes usam, os procuradores gerais escolheram esse caminho”, disse a empresa em um comunicado.

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Compulsão é igual a vício?

Durante muitos anos, a comunidade científica geralmente definia o vício em relação a substâncias, como drogas, e não a comportamentos, como jogos de azar ou uso da internet. Isso tem mudado gradualmente. Em 2013, o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, a referência oficial nos EUA para condições de saúde mental, introduziu a ideia de vício em jogos na internet, mas disse que mais estudos eram necessários antes que a condição pudesse ser formalmente declarada.

Um estudo posterior explorou a ampliação da definição para “vício em internet”. O autor sugeriu explorar ainda mais os critérios de diagnóstico e a linguagem, observando, por exemplo, que termos como “uso problemático” e até mesmo a palavra “internet” estavam abertos a uma ampla interpretação, dadas as muitas formas que a informação e sua distribuição podem assumir.

Michael Rich, diretor do Digital Wellness Lab do Boston Children’s Hospital, nos EUA, disse que não incentiva o uso da palavra “vício” porque a web, se usada de forma eficaz e com limites, não é apenas útil, mas também essencial para a vida cotidiana. “Prefiro o termo ‘uso problemático das redes sociais na internet’”, disse ele, um termo que ganhou força nos últimos anos.

Greenfield concordou que há claramente usos valiosos para a web e que a definição de quanto é demais pode variar. Mas ele disse que também há casos claros em que o uso excessivo interfere na escola, no sono e em outros aspectos vitais de uma vida saudável. Muitos jovens consumidores “não conseguem largar a internet”, disse ele. “A internet é um hipodérmico gigante, e o conteúdo, incluindo as redes sociais como as da Meta, são as drogas psicoativas.” /TRADUZIDO POR ALICE LABATE

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