Uma pesquisa realizada pela Nielsen a pedido do Google revelou que apenas 17% dos pais e mães usam ferramentas de controle parental para monitorar a atividade digital dos filhos. O estudo foi apresentado durante o evento Mais Seguro com o Google na quinta-feira 17.
Apesar da baixa porcentagem de supervisão com recursos especializados, o levantamento também apontou que 78% das crianças brasileiras (entre 5 e 12 anos) possuem um celular próprio e que a maioria, em média, fica online de uma a duas horas diárias, enquanto adolescentes (entre 13 e 17 anos) usam a internet por três ou mais horas por dia.
Ainda, diz o estudo do Google, os pais deixam de monitorar a atividade online dos filhos a partir dos 10 anos de idade, apesar de as preocupações aumentarem com a exposição à tela e ataques maliciosos.
Leia também
Segurança digital
O monitoramento parental das atividades online dos filhos se torna uma tarefa cada vez mais difícil à medida que a tecnologia evolui e as crianças passam a começar a usar a internet mais cedo. O uso das redes sociais, por exemplo, tem um aumento significativo a partir dos 13 anos de idade, em que mais de 70% dos adolescentes passam a incorporar o acesso a essas plataformas na rotina digital.
O estudo também concluiu que a maioria das crianças já se deparou com algum problema envolvendo segurança online. Ainda assim, apenas 20% dos pais reconhecem que precisam aprimorar seus conhecimentos em cibersegurança. Entre as principais preocupações dos pais com os filhos na internet estão o compartilhamento de dados pessoais (32%), assédio online (38%) e golpes (16%).
As técnicas mais utilizadas pelos pais que supervisionam os filhos na internet são o bloqueio de conteúdos específicos (57%) e de sites (56%), além do monitoramento de navegação na internet em tempo real (49%) ou do histórico de pesquisa (43%).
Para a realização do estudo, a Nielsen entrevistou 1.820 pais brasileiros de classes entre A e E com filhos entre 5 e 17 anos de idade. A pesquisa foi conduzida entre os dias 26 de junho e 7 de julho deste ano.
Roblox e Discord levantam alertas
Casos envolvendo problemas de segurança digital de crianças e adolescentes vem chamando atenção nos últimos anos, principalmente por acontecerem em sites e aplicativos comumente acessados por esse público. Em 2018, o jornal espanhol El País denunciou um “estupro do avatar” de uma criança americana de 7 anos na plataforma de jogos online Roblox.
No mesmo app, em 2021, a polícia escocesa emitiu um alerta para pais depois de uma mãe denunciar que o filho vinha recebendo conteúdo pornográfico na plataforma. Em fevereiro de 2022, a BBC também revelou que no Roblox alguns usuários recriavam cenas de tiroteio em escolas e até cenas de sadomasoquismo.
O caso mais recente aconteceu este ano, quando investigações policias revelaram que na plataforma Discord (de ligações em vídeo e transmissões ao vivo) alguns servidores eram usados para realizar crimes contra adolescentes, como “estupro virtual” e chantagens para induzir agressões e mutilações.
*Alice Labate é estagiária sob supervisão do editor Bruno Romani
Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.