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SXSW 2024: IA e ‘fim do mundo’ dominam a conversa no maior festival de inovação do mundo

Discussões com especialistas em inteligência artificial apontam quais rumos o mundo deve tomar com a inserção dessa tecnologia em nossas vidas

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Foto do author Guilherme Guerra
Atualização:

Maior festival de inovação do mundo, o South by Southwest (SXSW) 2024, que acontece em Austin, capital do Estado americano do Texas, entre os dias 8 e 13 de março, vai dedicar uma série de conferências e painéis ao tema da inteligência artificial (IA). E não poderia ser diferente.

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O ano de 2023 colocou a IA no centro das atenções de todo o mundo. A popularização do ChatGPT, lançado em novembro de 2022 pela OpenAI, surpreendeu as pessoas quanto às capacidades de aprendizado das máquinas. Logo depois, o Google entrou na corrida e lançou o rival Gemini (antes chamado de Bard). Microsoft, Meta e Amazon entraram na onda, acompanhadas de startups. Até imagens geradas por IA, como a do Papa Francisco usando um sobretudo branco over-size, começaram a circular pela internet como sendo verídicas — tudo graças à nova tecnologia.

O desafio do SXSW 2024 é fomentar debates a partir da nova realidade imposta pela inteligência artificial. O mundo pós-IA deve afetar empregos, rotinas em escolas, tarefas corporativas, o que se considera como obra de arte, etc. Ninguém ainda sabe ao certo o grau de impacto, mas é certo que essas tarefas devem ser diferentes na próxima década.

ChatGPT é o robô de bate-papo da OpenAI, lançado em novembro de 2022 Foto: Richard Drew/AP - 2/2/2023

Um dos paineis mais aguardados é com o criador-chefe do ChatGPT, Peter Deng, executivo da OpenAI, mediado pelo jornalista Josh Constine. Intitulado “Co-evolução da IA e da Humanidade, com o chefe do ChatGPT, da OpenAI”, a mesa vai discutir as implicações filosóficas da IA e se as novas ferramentas vão nos dar produtividade ou nos tornar desempregados. A mesa está planejada para ocorrer na segunda-feira 11 às 13h30 do horário de Brasília.

Outro grande nome presente no festival é o futurólogo Ray Kurzweil, considerado um dos “pais da inteligência artificial” e responsável por apontar previsões ousadas na área. Vinte e cinco anos atrás, ele previu que computadores atingiriam “inteligência de nível humano” em 2029. Para 2045, ele afirma que será possível conectar cérebros à internet — a tal da “singularidade”, termo que ele desenvolveu em diversas obras ao longo de sua carreira.

Esse assunto não é papo de “futuro tão distante”, afinal de contas. A busca pela inteligência artificial geral (AGI, na sigla em inglês) tem sido o maior objetivo da OpenAI, como o fundador e presidente executivo Sam Altman vem anunciando nos últimos anos. Já a startup Neuralink, de Elon Musk, vem fazendo avanços nos chips cerebrais.

Kurzweil deve discutir esses avanços, e outras apostas, no painel “A singularidade está mais próxima ainda”, no dia 10, às 17h30 do horário de Brasília.

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No sábado 9 (às 17h30), a mesa “Dos algoritmos às armas: entendendo a interação entre IA, mídia social e armas nucleares” vai abordar como a tecnologia, turbinada pela inteligência artificial, pode levar a problemas sociais e a até catástrofes. O painel vai contar com a presença de Anthony Aguirre, envolvido com o instituto Future of Life (responsável por promover, em 2023, uma carta pedindo o interrupção das pesquisas em IA), e com Frances Haugen, conhecida como a delatora principal do escândalo Facebook Papers.

Em “O caminho para a IA consciente” (sábado 9, às 17h30 de Brasília), especialistas devem discutir quais as consequências de uma inteligência artificial consciente, tida como um dos principais vilões em diversos filmes e livros de ficção-científica. “Uma perspectiva a ser considerada é a IA pró-social, na qual a IA consciente promove o bem-estar social por sua própria natureza”, diz a descrição do painel.

Na contramão do apocalipse, há quem busque uma utopia com a IA. O painel “Como é uma utopia de IA?” (quinta-feira 14, 19h de Brasília) vai discutir como a máquina pode impactar todas as indústrias do mundo, elevando o Produto Interno Bruto (PIB) per capita dos países. Isso tudo, claro, “se a IA for executada corretamente”, diz a descrição do evento.

Impactos da IA no trabalho

Futuro do trabalho também vai ganhar espaço, com foco especial no “casamento” com a inteligência artificial.

No sábado 9, às 14h30, uma mesa com Christina Janzer (do Slack) vai discutir como a automação e a IA podem tornar melhor o trabalho de funcionários mundo afora. No domingo 10, às 14h30, a futorologista Sandy Carter vai apontar sete tendências do “mundo do trabalho depois da IA”, como a inserção de dispositivos de realidade mista em nossas vidas.

A função dos criadores de conteúdo pode estar ameaçada com a inteligência artificial também. No painel “IA em vídeo: Revolucionando ou substituindo os criadores?” (dia 11, às 13h30 de Brasília), o executivo Zohar Dayan, da plataforma de vídeos Vimeo, vai discutir como a IA pode transformar o trabalho dos influenciadores em redes sociais — e até substitui-los por completo.

Vision Pro é vendido pela Apple nos Estados Unidos por US$ 3,5 mil Foto: Divulgação/Apple

Novas realidades

Nem só de inteligência artificial vive o SXSW 2024. O festival deve trazer discussões sobre as novas formas de computação e realidades que uma nova categoria de dispositivos em ascensão pode nos trazer.

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Na mesa “Realidade virtual na era do Vision Pro” (terça 12, às 13h30), o novo dispositivo de computação espacial da Apple, lançado no início de fevereiro, vai ser o principal tópico. A ausência de aplicativos, o preço elevado (US$ 3,5 mil nos Estados Unidos) e futuras versões mais acessíveis devem ser abordados na roda.

Já o painel “A era da computação espacial e dos vestíveis de IA está aqui” vai abordar como aparelhos como Vision Pro e Quest 3 (da Meta) podem moldar uma nova era nos dispositivos. Vai acontecer na terça-feira 12, às 16h30.

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