Mark Zuckerberg, CEO e fundador da Meta, se encontrou nesta quarta-feira, 27, com o presidente eleito Donald Trump em uma tentativa do bilionário estabelecer um relacionamento positivo com republicano.
A reunião, confirmada por três pessoas com conhecimento do assunto, foi iniciativa de Zuckerberg, que teve uma relação tensa com Trump na última década. Trump, que há muito tempo acusa a Meta de restringir injustamente ideias conservadoras em suas plataformas, já criticou duramente Zuckerberg nas redes sociais e em discursos públicos.
Zuckerberg voou para West Palm Beach, na Flórida, na noite de terça-feira, 26, antes de se encontrar com Trump em Mar-a-Lago. Os dois homens trocaram, em grande parte, cumprimentos formais, com Zuckerberg parabenizando Trump por vencer as eleições.
Após a reunião no início da tarde, Trump e Zuckerberg planejavam jantar juntos no hotel de Trump.
“É um momento importante para o futuro da inovação americana”, disse um representante da Meta em um comunicado. “Mark ficou grato pelo convite para jantar com o presidente Trump e pela oportunidade de se encontrar com membros de sua equipe para discutir a nova administração.”
No entanto, as iniciativas de Zuckerberg acontecem em um momento em que o executivo busca proteger a Meta — proprietária do Facebook, Instagram e WhatsApp — de possíveis repercussões da administração que se aproxima. A Meta tem sido alvo frequente de conservadores em Washington; alguns no Congresso pedem medidas para conter o que consideram censura a pontos de vista conservadores. Trump, por sua vez, chegou a pedir publicamente a prisão de Zuckerberg, acusando-o de “conspirar contra ele” durante a eleição de 2020.
Com os executivos da Meta percebendo o potencial de vitória de Trump na eleição de 2024, Zuckerberg tem passado os últimos 18 meses tentando reparar a relação.
De acordo com duas pessoas com conhecimento das negociações, Zuckerberg manteve pelo menos duas conversas telefônicas privadas com Trump ao longo do verão americano. Em uma dessas chamadas, o executivo de tecnologia desejou melhoras a Trump e afirmou estar “rezando” por ele após a tentativa de assassinato que sofreu. Em uma entrevista no mesmo período, Zuckerberg elogiou Trump, dizendo que ele “durão” ao erguer o punho para a multidão depois de ser alvo do atentado durante um comício na Pensilvânia.
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Outros executivos de tecnologia, como Elon Musk, que apoiou abertamente o movimento conservador e doou centenas de milhões de dólares à campanha de Trump, desenvolveram uma relação mais próxima com o ex-presidente. Musk e Zuckerberg, aliás, cultivaram uma relação tão tensa que passaram o ano de 2023 desafiando-se mutuamente para uma luta física. No entanto, executivos da Meta esperam que Zuckerberg consiga iniciar um novo relacionamento com Trump, adotando uma abordagem mais conciliadora com a administração que se aproxima.
Stephen Miller, futuro vice-chefe de gabinete de políticas de Trump, descreveu o encontro de maneira um pouco diferente da Meta. Em entrevista à Fox News na quarta-feira, Miller afirmou que Zuckerberg “deixou muito claro o seu desejo de ser um apoiador e um participante dessa mudança que estamos vendo nos Estados Unidos e no mundo, liderada por Donald Trump e seu movimento de reforma.”
Essa declaração sugere que a reunião não foi apenas uma troca de gentilezas, mas pode sinalizar uma tentativa mais ampla de Zuckerberg de se alinhar com a nova administração e de mitigar possíveis tensões políticas em um cenário que permanece polarizado.
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