Na noite desta terça, 11, Elon Musk deu uma rara entrevista no qual o foco da conversa foi o Twitter. No papo com a BBC, ele admitiu que pode vender a companhia caso encontre alguém “tão engajado pela liberdade de expressão quanto ele”.
Essa não foi a primeira vez que Musk mencionou sair do comando da empresa, já que apenas dois meses após a aquisição do Twitter, o bilionário afirmou que deixaria o cargo de CEO após fazer uma enquete sobre o assunto.
A declaração desta terça aconteceu após o bilionário descrever como se sente na chefia da rede social, algo que ele classificou como “muito doloroso”. Além disso, ele afirmou que “o nível de dor tem sido extremamente alto, não tem sido nenhum tipo de festa”.
Ele disse que a carga de trabalho faz com que ele tenha que frequentemente dormir em um sofá no escritório. Musk mencionou também que “a situação nos últimos meses tem sido realmente estressante”, mas deixou claro que ainda sente que comprar a empresa foi a decisão certa.
Na conversa, ele admitiu que só concluiu a compra da rede social porque sabia que o resultado da disputa legal com o antigo conselho do Twitter poderia resultar em uma compra forçada. No processo de negociação durante o ano passado, o bilionário fez e removeu a oferta de US$ 44 bilhões, o que forçou o comando do Twitter a processá-lo para que cumprisse a proposta. Antes que a disputa tivesse início nos tribunais, Musk concluiu o negócio.
Apesar disso, o bilionário declarou para BBC que venderia o Twitter se achasse “a pessoa certa” e que isso está menos relacionado a valores financeiros do que com a visão do futuro comprador para a plataforma - especialistas estimam que Musk pagou sobrepreço pela rede social e que dificilmente ele seria capaz de vender pelo valor de compra.
Durante a entrevista, Musk falou também sobre a crise vivida dentro do Twitter, e explicou que a empresa agora está “quase no break even (ponto de equilíbrio entre despesas e receitas)”, conforma a maioria de seus anunciantes retorna. Ele afirmou que se não reduzisse o quadro de funcionários de 8 mil para 1,5 mil pessoas, o Twitter fecharia as portas em quatro meses. “Não foi divertido”, disse ele, que admitiu que não desligou pessoalmente todos os funcionários devido ao grande volume de pessoas.
Projeto interno com inteligência artificial
Antes da entrevista, o site Insider revelou que Musk teria comprado 10 mil GPUs - processador especializado em gráficos e imagens - para dar continuidade ao projeto interno do Twitter de criar uma inteligência artificial (IA). Além disso, há cerca de um mês, Musk contratou dois ex-funcionários da DeepMind, empresa de IA.
Segundo a reportagem, Musk estaria interessado em lançar uma ferramenta como o ChatGPT, da OpenAI, que usaria os dados do Twitter. A iniciativa estaria caminhando apesar de o empresário encabeçar uma carta aberta “anti-IA”, pedindo a suspensão das pesquisas em inteligência artificial por seis meses.
Antes mesmo de assinar a carta “anti-IA”, o bilionário já havia afirmado em fevereiro que planejava criar seu próprio laboratório de pesquisa em inteligência artificial para criar sua própria tecnologia e entrar na competição dentro do mercado de IA.
Musk participou da fundação da OpenAI, mas deixou a startup em 2018, alegando conflito de interesses com a SpaceX e a Tesla.
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