Acionistas da Fox aprovam venda para a Disney por US$ 71 bilhões

Acordo entre gigantes de mídia fica perto de ser concluído; com operação, Disney terá direitos sobre Simpsons e Arquivo X, entre outros

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Por Edmund Lee e Brooks Barnes 
O megaempresário de mídia Rupert Murdoch, do grupo Fox Foto: REUTERS/Jason Reed

Um império de mídia cresce. Outro encolhe. Em salões de festas separados no Hilton Hotel de Nova York, na manhã desta sexta-feira, 27, os acionistas da Disney e da 21st Century Fox concordaram com um plano de compra de US$ 71,3 bilhões que dá à empresa do Mickey a maior parte do império criado por Rupert Murdoch. O negócio altera substancialmente o cenário no setor de entretenimento.

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Autoridades regulatórias em mais de uma dúzia de países ainda terão de analisar o acordo, que já foi aprovado pelo governo dos EUA. Mas a decisão de ontem põe fim a um confronto de meses entre a Disney e a companhia de mídia americana Comcast, que também tentava adquirir a Fox. Não é só uma batalha por marcas como Avatar, Simpsons e Arquivo X: a valiosa coleção de Murdoch representava uma oportunidade única para as duas empresas ganharem fôlego na batalha contra Netflix e Amazon, gigantes da tecnologia que seguem avançando agressivamente em Hollywood. Além disso, é uma guerra travada também por empresas como a AT&T, que aguarda ainda aprovação para sua compra da Time Warner. 

Com a aquisição, a Disney aumenta sua coleção de conteúdo já invejável – nas últimas duas décadas, a empresa adquiriu controle sobre a Lucasfilm, de Star Wars, a Marvel e a Pixar. O acordo também dá à Disney as redes de cabo FX e National Geographic; o controle no serviço de streaming Hulu, que tem mais de 20 milhões de assinantes nos EUA; e uma fatia em empresas como a rede britânica Sky e a produtora Endemol, criadora de Big Brother

O acordo termina com o domínio de Murdoch sobre um império construído em seis décadas. Ele se tornará um importante acionista minoritário na Disney e seguirá administrando seus negócios restantes, que incluem a Fox News, a rede de transmissão Fox e jornais como o Wall Street Journal, e os tabloides New York Post e The Sun

Sinal dos tempos. Há quem veja a aquisição da Fox como o triste final de uma era em Hollywood. A Disney está admitindo que o futuro da TV e dos filmes está online e essa mudança pode desencadear uma onda de fusões no cinema – que não tem uma consolidação significativa desde 1935, quando a 20th Century Pictures e a Fox Film se fundiram para formar a 20th Century Fox. 

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Enquanto os gigantes do Vale do Silício entraram no mundo do entretenimento e atraíram públicos maiores, as empresas de mídia da velha guarda reagiram tentando proteger o máximo de conteúdo valioso que podiam. Para 2019, a Disney planeja lançar um serviço de streaming, ao estilo da Netflix, para transmitir seus programas e filmes diretamente ao público. 

“Um dos aspectos mais empolgantes da aquisição da Fox é que ela nos permitirá acelerar nossa estratégia de venda direta ao consumidor”, disse o presidente executivo da Disney, Robert Iger, ao anunciar a primeira oferta pela Fox, em dezembro passado. “Criar relacionamento direto com os usuários é vital para o futuro dos nossos negócios de mídia.”

A reunião da Disney durou apenas nove minutos e teve aprovação de 99% dos presentes. A oferta final da empresa foi composta de partes iguais em dinheiro e ações – US$ 35,7 bilhões em dinheiro, 343 milhões de papéis – e os investidores da Disney tiveram de aprovar a emissão dessas ações.

A reunião da Fox durou pouco tempo também. Perto do final, um acionista de longa data, Philip Berman, disse ao microfone: “O sonho de Rupert está completo”. O chefão da Fox não participou da reunião – estava em viagem na Califórnia.

“Quero agradecer a todos os nossos executivos e colegas por suas enormes contribuições na construção da 21st Century Fox nas últimas décadas”, disse Murdoch em um comunicado após a votação. Seus filhos, James e Lachlan Murdoch, também não estavam presentes. 

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Primogênito, Lachlan deve se tornar o principal executivo dos negócios remanescentes da família, que já são chamados coletivamente de New Fox. Já os planos de James não estão claros – embora ele possa ganhar mais de US$ 1 bilhão no acordo. 

A Disney deve esperar pela aprovação das autoridades reguladoras antes de seguir adiante com seus planos de integração – que incluem substanciais demissões. A expectativa é de que a conclusão do acordo aconteça no início de 2019. / TRADUÇÃO DE CLAUDIA BOZZO

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